quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

AINDA MAIS ESPREMIDOS


Confirmada a mais que prevista decisão europeia de novo resgate à Grécia, iremos finalmente assistir ao princípio do fim do calvário do Euro, ou pelo contrário, nada mudou e «A dívida grega é insustentável sem mais ajuda»? 

A questão não é retórica nem é de exclusiva aplicação à Grécia e a prova disso mesmo é que cresce o número de economias europeias que começam a ver-se apontadas (já apareceram referências claras à Bélgica e à França) como as próximas a sofrerem dos mesmos problemas e cujas populações já se antevêem em situação idêntica à que os gregos estão a sofrer.


Espremidos entre uma austeridade desprovida de efeitos práticos (excepto os de assegurarem maiores proventos para os do costume), uma total ausência de perspectivas de crescimento e lideranças desprovidas de qualquer visão estratégica, os cidadãos gregos têm enfrentado esta crise oscilando entre a indiferença e a revolta declarada, sob o olhar mais ou menos atento dos restantes cidadãos comunitários.

Injustamente empurrados pelos políticos a quem entregaram a condução dos destinos do país para uma situação de descrédito, vilipendiados pelas elites dos estados europeus que se julgam a recato de idêntico percalço, os gregos nem sequer podem ainda lobrigar a luz ao fundo do túnel pois parece cada vez mais evidente que este «Segundo resgate não retira Grécia do cenário de incumprimento»,confirmado aliás pela notícia de que «Fitch corta rating da Grécia para falência eminente».

Quando se constata que os resgates pouco mais têm feito que contribuir para o aumento do endividamento (seja este medido em termos absolutos seja em termos relativos ao PIB), torna-se cada vez mais natural a dúvida sobre a utilidade dos sacrifícios em salários, pensões e demais restrições que os gregos estão a suportar e que verão com este novo “pacote” acrescidos com uma nova redução de 3,3 mil milhões de euros nos gastos públicos, mais privatizações e maior flexibilização das leis laborais.

Depois da política punitiva que esteva na origem dos termos do primeiro regate (assinado em Maio de 2010) eis que o segundo se apresenta com contornos de verdadeira humilhação ao adicionar àquelas medidas:
  • a obrigatoriedade da consagração constitucional duma clausula privilegiando o pagamento das dívidas;
  • a constituição duma conta fora do orçamento para aqueles pagamentos;
  • a instalação em Atenas duma comissão de credores que vigiará o cumprimento do acordo.
Depois de tudo isto ainda restarão dúvidas que além de tentar assegurar o pagamento aos credores, as políticas preconizadas pelo FMI, o BCE e a UE mais não visam que a redução das economias intervencionadas a uma ainda maior dependência dos seus credores. É que se não fosse esse o caso uma das primeiras preocupações daqueles organismos deveria ser com o crescimento económico, pois sem este não existirão condições para a adequada amortização do serviço da dívida nem para uma redução sustentada do endividamento.

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