domingo, 19 de fevereiro de 2012

TUDO ESTÁ A FALHAR... TUDO, NÃO!


Escreveu Daniel Oliveira, na sua última crónica no EXPRESSO, que «Nove meses depois da troika tudo falha»... 

Desculpem, mas não consigo partilhar em silêncio este comentário que além de profundamente negativo é igualmente injusto.

Nem tudo está a falhar! Pois, graças à simples presença duma entidade estrangeira (a tal “troika” a que se refere Daniel Amaral, completamente estranha a qualquer nacional vício de influência ou “cunha”), o governo de Passos Coelho e de Paulo Portas (é importante e conveniente não esquecer um parceiro cuja recente modéstia impede de se alcandorar aos lugares mais mediáticos) já conseguiu uma bem sucedida política de flagelação nacional.


Se não vejamos:
  1. reduzir os salários da função pública e equiparados (dando assim um importante sinal à iniciativa privada que abriu a época de saldos em boa parte dos custos fixos);
  2. alterar de forma radical a legislação laboral, abrindo caminho a ainda mais importantes (e principalmente menos onerosas) reduções dos quadros de pessoal; 
  3.  realizar um verdadeiro golpe constitucional, através da invocação duma qualquer “emergência nacional”, com o beneplácito e/ou apoio expresso daqueles que deveriam ser os principais defensores dos invioláveis princípios constitucionais, enquanto a Justiça continua a funcionar a duas velocidades e com pesos e medidas diversas em função da bolsa dos litigantes (a conclusão é inegável quando a própria «Ministra admite que em Portugal ainda há uma justiça para ricos e uma para pobres»);
e se acaso pensam que isto é pouco, muito pouco para tanto tempo de governo, e alguém de pronto refere a fatalidade do aumento do desemprego e o facto de já se anunciar que «Um quarto da população portuguesa em risco de pobreza», sempre recordo que o actual governo sempre revelou uma enorme preocupação com as políticas de combate ao desemprego; primeiro quando começou por nomear centenas de acessores, adjuntos, colaboradores, motoristas e de mais especialistas para engrossarem os depauperados quadros ministeriais (alguns dos quais beneficiando até duma aparente derrogação na política de redução salarial quando se tornou público que houvera «Nomeações para gabinetes ministeriais publicadas com direito aos dois subsídios»), depois quando proactivamenete lançou uma política de incentivo e claro apelo à emigração, em especial das camadas mais jovens e que, devido ao investimento (público) na sua formação, poderiam beneficiar de vantagens noutros países. 

Concluo, para os empedernidos críticos que não esquecem a questão da quebra na actividade económica e sempre prontos a estabelecer comparações do tipo «Portugal afunda-se Grécia e Irlanda em recuperação», lembrando que também nessa matéria o governo tem revelado preocupação e chegou mesmo a arriscar uma aumento no défice quando realiza sacrifícios de proceder à modernização da frota automóvel ministerial.

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