terça-feira, 22 de novembro de 2011

GREVE GERAL II


A menos de 48 horas da anunciada Greve Geral (a segunda que se realiza em Portugal no espaço dum ano) lamento pouco mais ter para dizer que não tenha escrito, em Novembro de 2010 nos “posts” «GREVE GERAL» e «PARA ALÉM DA GREVE»; caído em desgraça o governo Sócrates, que se propôs combater a crise da dívida com a imposição dum corte de 5% na massa salarial da Função Pública e dos trabalhadores do Sector Empresarial do Estado, foi substituído por um Passos Coelho que se fez eleger no doce remanso da promessa de não aumentar impostos, mas que logo que tomou posse apresentou uma proposta de OGE prevendo uma redução dos salários daquele mesmo grupo de trabalhadores na ordem dos 15% (eliminação dos subsídios de Férias e Natal, ou seja a redução de 14 para 12 salários anuais) cuja iniquidade complementou com a portentosa afirmação, publicada pelo EXPRESSO, que «só vamos sair da crise empobrecendo»

Apelidar de iniquidade mais este esbulho aos trabalhadores da Função Pública e do Sector Empresarial do Estado (para mais quando a remuneração destes não constitui encargo do orçamento público) foi a expressão mais suave que me ocorreu para classificar algo que assume proporções que estão muito além do aceitável, pois a opção pela redução salarial como via para o controlo da despesa pública é criticável do ponto de vista económico, pelo que acarretará de contracção do consumo das famílias e de redução de receita fiscal (como procurei explicar no “post” «O GRANDE EMBUSTE»), mas ainda mais do ponto de vista social porque a redução arbitrária dos vencimentos terá não apenas um efeito de empobrecimento das famílias mas igualmente um seguro efeito psicológico que não poderá deixar de afectar a capacidade e a vontade produtiva dos que agora passarão a sentir-se trabalhadores de categoria inferior.


Da mesma forma que há um ano, ciente da irrelevância dum singelo dia de greve como forma de protesto e de tentativa de inflexão política, apelei a que os trabalhadores portugueses desenvolvessem outras formas criativas de luta para expressão do seu desagrado, por maioria de razões julgo agora justíssima e indispensável a realização da greve (mesmo sabendo de antemão que será tão inconsequente quanto a anterior), a participação em massa nas manifestações agendadas – tanto mais que desta vez as centrais sindicais promovem manifestações em todas as capitais de distrito e em vários concelhos do país – mas principalmente como inevitável o recurso a outras formas de luta, de que seguramente a desmotivação colectiva será a mais fácil de realizar.

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