À medida que têm vindo a ser conhecidas as mais recentes informações sobre o real montante da dívida da Região Autónoma da Madeira, começa a tornar-se evidente a necessidade duma explicação que vá além da “oposição à asfixia socialista” invocada pelo indescritível Alberto João Jardim e sectariamente defendida pelos seus apoiantes (locais e nacionais) como acontece nesta notícia do JORNAL DA MADEIRA.
Exemplos de tão rara fidelidade deveriam talvez merecer melhor que aceradas críticas; sucede porém que os defensores da estratégia seguida por Alberto João Jardim – que após se ter sabido em finais de Agosto que a «Dívida da Madeira aumenta mais de duas vezes», descobre-se agora que catapultou a dívida da Região Autónoma da Madeira para números que se estimam entre os 5 mil milhões (valor adiantado nesta notícia do ECONÓMICO) e os 8 mil milhões de euros (segundo esta notícia do SOL), valor que o secretário regional das Finanças, Ventura Garcês, assegura ser um exagero socialista (ver a propósito esta notícia do JORNAL DE NOTÍCIAS) enquanto se recusa a divulgar o valor correcto – são os mesmos que defendem a virtualidade da redução dos défices e a aplicação duma crescente carga fiscal como via para a sua resolução.
Em poucas palavras, porque os tempos são de contenção e os ouvidos dos responsáveis estão fechados a ideias diversas das suas, enquanto o PSD de Passos Coelho defende em Lisboa e em Bruxelas a necessidade de reduzir o défice e aplica medidas profundamente lesivas para o crescimento da economia nacional, o comparsa Jardim pretende manter o estilo governativo do mais populista dos autarcas – construa-se que depois logo se vê quem é que irá pagar – e espera ter já assegurado o beneplácito do “seu” líder nacional, quem sabe, confirmado pela notícia de que «PSD e CDS-PP chumbam proposta do BE de auditoria externa à dívida da Madeira» ou por outras que se seguirão.
Uma boa imagem para o que verdadeiramente significa esta situação é a que transmitiu Manuela Morgado (secretária de Estado do Orçamento num governo de António Guterres) e de que o NEGÓCIOS de fez eco: “A situação é completamente inaceitável, mas é reveladora de uma tradição que eu já conheci, de alguma forma, entre 1995-98” acrescentando que “o presidente do Governo Regional da Madeira omitiu deliberadamente, com má fé, estas derrapagens” e que na prática coincide com a imagem que o exterior apreendeu e bem reflectida na página da TVI24 ao escrever que «Imprensa internacional destaca “Ilha Trapaceira”».
Como irá agora Passos Coelho reagir quando for confrontado pelos “amigos” europeus com uma situação de clara fraude estatística, em tudo semelhante às praticadas pela Grécia; aquela Grécia com a qual, como em tempos Sócrates tanto gostava de dizer aos sete ventos, nada tínhamos em comum, mas com quem a agora partilhamos uma intervenção do FMI/BCE/FEEF e a clara imagem da trapaçaria, graças, ainda e sempre, a Alberto João Jardim e aos seus pares...
Não fosse o famigerado compadrio e demais jogos de interesses que há décadas se instalaram nos corredores do poder neste país e talvez se pudesse recordar o velho aforismo que assegura “haver males que vêm por bem”, esperando que de tudo isto fossem retiradas as devidas lições e em consequência se pensasse de forma consistente, como sugere Pedro Braz Teixeira nas páginas do I, e: «Deixem falir a Madeira».
Caso contrário, o resgate da dívida madeirense, como o da dívida nacional, continuará a ser assegurado pelos bolsos dos contribuintes, penalisando o crescimento económico e agravando ainda mais as cada vez maiores necessidades de financiamento resultantes de novos e maiores encargos financeiros, podendo falar-se com propriedade na continuação da Grande Farra que tem sido o sustento do sector financeiro mundial nos últimos anos e tudo isto enquanto a reunião do Ecofin (que junta os ministros das finanças da UE) terminou sem qualquer novidade, adiando para Outubro qualquer decisão sobre a Grécia e a prometida taxa sobre as transacções financeiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário