A dimensão do ocorrido na ilha norueguesa de Utoya ultrapassará o que expressões como horror e tragédia podem sugerir e se após uma primeira ideia, avançada a propósito do carro-bomba deflagrado em pleno centro de Oslo, foi afastada a hipótese dos actos se enquadrarem no chamado terrorismo islâmico, a confirmação de que o seu autor seria um plácido cidadão norueguês parece ter deflagrado com um ainda maior ruído.
Não que esta tenha sido a primeira vez que algo de tão trágico foi perpetrado por um personagem acima de qualquer suspeita islâmica – para tanto basta recordar o episódio do massacre de Oklahoma, quando Timothy McVeigh provocou a morte de 178 e feriu quase sete centenas de pessoas ao fazer explodir um camião junto a um edifício federal naquela cidade norte-americana – mas porque agora, tal como então, todas as atenções dos experientes, sofisticados e eficientes serviços de informações são exclusivamente orientados para o famigerado terror islâmico.
Não se trata apenas duma questão formal ou de mero desabafo, pois não faltarão episódios regularmente presenciados nos mais diversos pontos do mundo para confirmar que a par da existência duma paranóia securitária (que tantos governos das mais variadas orientações políticas e ideológicas se esforçam por manter activa) esta se revela particularmente racista e islamófoba, como se apenas os portadores duma certa cor de tez ou os seguidores duma certa religião pudessem ser capazes da alvejar de forma fria, determinada e desapiedada umas centenas de jovens.
Tal como Timothy McVeigh, Anders Behring Breivik veio demonstrar que o barbarismo e a desumanidade não constituem apanágio de raças ou credos e que massacres tresloucados podem ser praticados por qualquer um que a isso se atenha, pena é que os tais serviços de informações se revelem apenas capazes de vigiar e controlar uma parte dos possíveis perpetradores, precisamente aqueles que são diferentes deles... no aspecto!
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