segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SINAL DE (DES)CONFIANÇA

Depois da vergonha que foi a decisão dos políticos europeus, incluindo os portugueses, de deixarem “cair” o projecto e o compromisso de referendarem o texto do Tratado de Lisboa e do resultado desfavorável do referendo irlandês (matéria que abordei no “post” «PRONTO JÁ ESTÁ ASSINADO», «E ISTO NÃO ERA UMA CONSTITUIÇÃO…» e «POR UMA NOVA EUROPA»), eis que agora, com a repetição daquele referendo e com a vergonhosa campanha conduzida pelos partidários do “SIM” associando a aprovação da proposta à continuação da União Europeia e à manutenção dos respectivos “benefícios” tanto mais úteis quanto a economia irlandesa é uma das que apresenta piores indicadores na actual conjuntura recessiva mundial, obtiveram a tão desejada aprovação.

Não bastou a forma atabalhoada como transformaram a proposta de Constituição Europeia (recusada nos dois únicos referendos a que foi submetida em França e na Holanda) num documento com que pudessem contornar a consulta popular, como no único país onde tiveram que o fazer viram-se forçados a uma segunda consulta e envolveram esse processo em controvérsias e mentiras para o fazerem aprovar.

O trágico (que até poderia ser cómico, não fora o facto disso vir a reflectir-se sobre a vida de milhões de pessoas) é que os irlandeses que agora aprovaram o texto do tratado fizeram-no na convicção de estarem a assegurar a solidariedade do resto da Europa, quando o que o Tratado de Lisboa prevê é precisamente uma Europa menos solidária e mais orientada para o benefício das economias dos grandes países.

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