quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

O FORUM DOS RICOS

Iniciou-se hoje na localidade suíça de Davos mais uma reunião do Fórum Económico Mundial (também conhecido como o Fórum de Davos) que reúne líderes políticos e empresários dos países mais desenvolvidos.

Este ano a reunião será subordinada ao tema do rápido desenvolvimento económico da China e da Índia e da entrada destes dois gigantes no mercado mundial e, como hábito das edições anteriores, contará com a presença das personalidades “responsáveis” pela condução dos destinos das grandes economias e das grandes empresas.

A partir deste tema central outros serão abordados, como o bloqueio nas negociações de liberalização do comércio internacional, no âmbito da cimeira de Doha da Organização Mundial do Comércio - para o qual se conta com a presença do comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson e dos ministros das finanças francês (Thierry Bréton) e inglês (Gordon Brown) - o preço do petróleo – está prevista uma intervenção do actual presidente da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o nigeriano Edmund Naukuru - e as pretensões iranianas sobre a energia nuclear (esta questão não faz parte de agenda oficial, mas será seguramente abordada).

Este fórum foi criado em 1971, sob a forma de uma organização internacional independente empenhada, na expressão dos seus mentores, na melhoria das condições mundiais por via do relacionamento entre líderes políticos e agentes económicos com vista à definição de agendas e programas de âmbito mundial, regional ou industrial. Por outras palavras, trata-se da concertação de estratégias que melhor potenciem a aplicação global dos princípios de funcionamento dos mercados segundo as regras e os interesses dos poderes (político e económico) instalados nos países dominadores da economia mundial.

Paralelamente com esta reunião, que encerrará no próximo dia 29, decorrerão no mesmo local as também já habituais manifestações dos movimentos anti-globalização e ainda

O FORUM DOS POBRES

que reunirá em Caracas (Venezuela) tendo por agenda o debate de temas como o poder político e lutas pela emancipação social, estratégias imperialistas e resistência dos povos, recursos e direitos para a vida, pluralidade e multiculturalidade, trabalho, exploração e reprodução da vida e dinâmicas e alternativas democratizadoras.

A organização está a cargo do Fórum Social Mundial que se auto define como um espaço de debate democrático de ideias, reflexão e formulação de propostas de movimentos sociais, redes e ONG’s que se opõem ao neoliberalismo e ao imperialismo, com caracter não confessional, não governamental e não partidário.

Normalmente participados por entidades empenhadas na construção de alternativas de desenvolvimento não baseado em modelos capitalistas, tem também contado com a participação de inúmeras personalidades mundiais entre as quais se destaca o conhecido activista norte-americano Noam Chomsky.

Este movimento que concretizou o seu primeiro fórum alternativo em 2001, na cidade brasileira de Porto Alegre (onde se realizaram quatro das cinco edições até esta data), prepara-se este ano para distribuir a sua actividade por Caracas, Bamako (Mali) e Carachi (Paquistão), não tem escapado a bom número de críticas (principalmente de partidos socialistas e comunistas) por se concentrarem num criticismo vago e generalista do neoliberalismo e do imperialismo, não produzindo ideias práticas; no oposto grupos anarquistas criticam-no por agir como centro de decisão para os grupos dissidentes, um pouco há semelhança do que em tempos fizeram as Internacionais Comunistas.

As forças apoiantes do Fórum Económico Mundial criticam-lhe a sua vertente anti-globalização por considerarem que a melhor forma de assegurar o fim da pobreza mundial continua a ser o modelo de produção e distribuição capitalista.

Em resumo, teremos dentro de alguns dias novas “pistas” sobre o que os países ricos e países pobres entendem venham a ser caminhos para o desenvolvimento e crescimento da economia mundial, centrando-se os primeiros em problemas como a distribuição e o preço da energia, enquanto os segundos se batem pela aplicação de preços justos às matérias-primas e um acesso equilibrado às fontes financeiras.

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