Logo no início
de Março (mês que marca o regresso da Primavera, estação associada à regeneração da Natureza, e assinala o 60º aniversário do Tratado de Roma) o Presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresentou o Livro
Branco da Comissão Europeia sobre o futuro da União Europeia, mas este não
trouxe qualquer sinal de novidade ou esperança para os milhões de europeus que
continuam a ver os seus destinos geridos em sistema de conclave, ou pior, de
puro conluio.
Depois de
longa reflexão e cuidada ponderação, a omnipotente e omnipresente Comissão
Europeia desceu do seu pedestal e no lugar duma proposta de actuação trouxe
cinco cenários para a Europa de 2015; uma Europa cujos 27 estados (confirmada a
saída da Inglaterra) deverá agora discutir se quer: 1) restringir-se ao
mercado único pois os seus membros são incapazes de chegar a um consenso quanto
a um número cada vez maior de domínios estratégicos; 2) assegurar a
continuidade do programa de reformas positivas; 3) continuar a funcionar como tem
funcionado mas permitindo aos interessados aprofundar em conjunto áreas como a
defesa, a segurança interna ou os assuntos sociais; 4) apostar na eficiência e concentrar-se
em domínios específicos de intervenção, procurando obter mais resultados com
maior rapidez, através da concentração de esforços e recursos limitados; 5) optar
por partilhar, de forma generalizada, mais poderes, recursos e a tomada de
decisões, aprofundando o processo de integração em direcção a uma união
política.
Como irão
agora reagir os governos dos Estados-membros e os seus cidadãos? Iremos
assistir, finalmente, a uma discussão aberta a todos e centrada nas verdadeiras
questões europeias (dos reais interesses dos cidadãos europeus)? ou voltaremos
a ver repetidos os processos demagógicos até agora utilizados, que além de
afastarem os cidadãos raramente geraram resultados positivos?
Iremos ser
mimoseados com argumentações consubstanciadas que fomentem a discussão em toda
a dimensão da escolha entre comércio livre, soberania e democracia? Explicar-nos-ão,
os políticos nacionais e europeus, todas as cambiantes duma escolha que poderá até
passar por uma redução do seu papel e das suas competências?
É que o debate,
se o houver (e a dúvida é tanto mais pertinente quanto tem sido a lamentável prática recente), não se deverá circunscrever nem às elites governantes nem à
mera vilanização das opções extremas – o retrocesso ao simples mercado único
(tão do agrado dos britânicos e do “amigo” americano) ou o aprofundamento da
união política –, que invariavelmente limitará o seu âmbito e vulgarizará
qualquer que seja a solução preferida.
Sem comentários:
Enviar um comentário