Os
acontecimentos recentes na Holanda, país que realizou ontem eleições das quais resultou
que a «Direita
trava extrema-direita e prepara governo a quatro», cuja campanha
eleitoral se cruzou no passado fim-de-semana com a campanha para um referendo
na Turquia, levou a uma acesa troca de acusações ao anúncio de que a «Turquia
suspende relações diplomáticas com a Holanda».
Tudo terá
começado quando aquele país europeu impediu a entrada no seu território de dois
ministro turcos que pretendiam participar em acções de campanha para um
referendo sobre a ampliação de poderes do presidente Erdogan, quando ela
própria tem a decorrer uma campanha eleitoral da qual poderá resultar a subida
ao poder da extrema-direita. Terá sido precisamente a delicada conjuntura
interna que levou o governo holandês a impedir a aterragem do avião com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu,
decisão que agravou as relações entre os dois países, conduzindo à situação em
que «Holanda
e Turquia aguardam eleições em rota de colisão diplomática».
O problema é
que os «Incidentes
entre Holanda e Turquia ajudam tanto Wilders como Erdogan», ou seja se a
intenção do governo de Mark Rutte era a
de apaziguar a extrema-direita holandesa, aplicando as medidas que esta
tomaria, o resultado pode ser claramente o inverso e quer o seu rival Geert
Wilders quer o protoditador turco, Recep Tayyip Erdogan, surgem como os
principais beneficiados nesta crise que mais parece fabricada a pedido que resultante
de verdadeiras e insanáveis divergências entre holandeses e turcos.
Em natural pano de fundo está a situação da própria UE que pouco a pouco
se tem deixado enredar numa teia de interesses que a cercam e para os quais não
parece capaz de engendrar resposta cabal. Seja na tensão criada com a Rússia a
pretexto da Ucrânia e da ocupação da Crimeia, seja na questão do BREXIT e nas
posições isolacionistas da administração Trump ou na lamentável dependência
turca na questão dos refugiados, a liderança europeia, talvez ainda formatada
em demasia para um modelo de relações unipolares, tem falhado repetidamente no
modelo de abordagem das questões internacionais num Mundo cada vez mais
multipolar.
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