Não terá
havido quem não se recordasse dumas declarações de Wolfgang Schauble, o
ministro alemão das finanças, quando em finais de Junho repetiu o que dissera
no início de Fevereiro, quando afirmou «“Não
estou preocupado com o Deutsche Bank”», para logo acrescentar que estava
era preocupado com Portugal... depois de se saber que «Deutsche
Bank e Santander falham testes de ‘stress’ norte-americanos».e quando se
avolumavam as notícias sobre “problemas” na banca europeia. E não eram apenas «Um
enorme "Monte dei" problemas» (numa alusão à delicada situação do
centenário banco italiano, Monte dei Paschi de Siena), como se confirmaria
quando as autoridades norte-americanas anunciaram que fora o «Deutsche
Bank condenado a multa recorde de 14 mil milhões de dólares», pela sua
participação na crise do subprime, em 2008.
Esta, aliás,
não é uma situação inédita para o banco alemão (nem para a generalidade dos grandes
bancos, os tais que se dizem “too big to fail”...),
pois já em 2015 fora o «Deutsche Bank multado em 2,5 mil milhões por manipular taxas
Libor»; nada de novo, pois, salvo a desproporção entre a multa anunciada e
a que foi recentemente acordada com o Goldman Sachs, apenas
550 milhões de dólares... Esta crença no favorecimento dos grandes bancos
já levou até que o «Goldman
Sachs estima que Deutsche Bank pague coima até 7,2 mil milhões de euros»,
cerca de metade do “acordado” com o Bank of America, que pagou 16 mil milhões
de dólares.
Ainda esta
nova contrariedade não tinha sido conhecida e já no final do primeiro semestre
se soube que os «Lucros
do Deutsche Bank caem 98% para 20 milhões de euros», depois de um ano antes
ter registado
prejuízos recorde de €6,2 mil milhões, facto que obviamente reforçou uma
imagem onde o «Deutsche Bank assusta com "alertas já indisfarçáveis"».
Tão indisfarçáveis que na própria Alemanha surgiram notícias que, ao contrário
do Sr. Schauble, estaria o «SPD
preocupado com o Deutsche Bank» (o SPD é o parceiro de governo da Srª.
Merkel) e que haveria «Deputados
alemães relutantes em pôr dinheiro dos contribuintes para salvar o Deutsche
Bank», declarações que terão levado ao anúncio oficial que a «Alemanha
não vai resgatar Deutsche Bank»!
Tonitruante, é
certo, mas quase seguramente com o mesmo valor doutras declarações do mesmo
jaez, tanto mais que se a situação do Deutsche Bank é delicada e, após «Derrota
histórica de Merkel em Berlim», a posição política da Srª Merkel está cada
vez mais fragilizada, não é menos verdade que a economia alemã não absorverá
com facilidade um “buraco” daquela dimensão e pior... cada vez se faz sentir
mais o efeito das taxas negativas sobre as caixas económicas alemãs (sparkasse)
que são instituições clássicas de poupança.
Não nos
espantemos se depois dos contribuintes da Europa do Sul terem sido chamados a
resgatar a banca francesa e alemã, venhamos a ser todos convocados para salvar
a Alemanha... aquela orgulhosa Alemanha que aconselhou os gregos a venderem as
suas ilhas para pagarem as dívidas!
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