sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O MAIOR

O despudor e a completa falta de decência e ética são as únicas justificações que admito para a afirmação de Durão Barroso quando a propósito da polémica instalada em Bruxelas sobre a sua nomeação para a administração da Goldman Sachs, disse que "Não fui para nenhum cartel da droga, estou a trabalhar numa entidade legal"; só de quem por nada se detém para satisfazer as suas ambições...


A legalidade defendida por Durão Barroso seria factualmente verídica se a Goldman Sachs não fosse uma das instituições financeiras mais directamente envolvidas em tudo o que foi artifício financeiro que redundou na crise iniciada em 2008; após a falência do Lehman Brothers viria a ser abrangida no programa TARP (Touble Assets Relief Program), instituído pela administração de George W Bush, com uma injecção de 10 mil milhões de dólares e mais tarde acusada pela SEC (Securities and Exchange Comission, a comissão do mercado de valores mobiliários nos EUA) de responsabilidade na crise viria a acordar o pagamento duma multa de apenas 550 milhões de dólares, quando agora o mesmo regulador anuncia que foi o «Deutsche Bank condenado a multa recorde de 14 mil milhões de dólares» por idêntico “crime”. Recorde-se ainda que o Goldman Sachs foi a entidade responsável pela”operação” que escondeu o défice grego, contribuindo assim para agravar a chamada crise das dívidas públicas denominadas em euros.

Mesmo sabendo que outros altos “dignitários” (como o também ex-presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, os ex-comissários europeus, Mario Monti e Peter Sutherland, o actual presidente do BCE, Mario Draghi, ou Otmar Issing, que foi um dos arquitectos do euro, entre outros) que transumaram de ou para o Goldman Sachs melhor se entenderá quem apresente fortes reservas quanto à legalidade onde opera a Goldman Sachs e à qual não consta que Durão Barroso alguma vez tenha formulado a menor dúvida. Aliás, como seria tal possível se ele não hesitou em abandonar as responsabilidades políticas para as quais tinha sido eleito por um cargo de nomeação no areópago europeu?

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