O despudor e a
completa falta de decência e ética são as únicas justificações que admito para
a afirmação de Durão Barroso quando a propósito da polémica instalada em
Bruxelas sobre a sua nomeação para a administração da Goldman Sachs, disse que "Não
fui para nenhum cartel da droga, estou a trabalhar numa entidade legal";
só de quem por nada se detém para satisfazer as suas ambições...
A legalidade defendida
por Durão Barroso seria factualmente verídica se a Goldman Sachs não fosse uma
das instituições financeiras mais directamente envolvidas em tudo o que foi
artifício financeiro que redundou na crise iniciada em 2008; após a falência do
Lehman Brothers viria a ser abrangida no programa TARP (Touble Assets Relief
Program), instituído pela administração de George W Bush, com uma injecção de
10 mil milhões de dólares e mais tarde acusada pela SEC (Securities and
Exchange Comission, a comissão do mercado de valores mobiliários nos EUA) de
responsabilidade na crise viria a acordar o pagamento duma multa
de apenas 550 milhões de dólares, quando agora o mesmo regulador anuncia
que foi o «Deutsche
Bank condenado a multa recorde de 14 mil milhões de dólares» por idêntico
“crime”. Recorde-se ainda que o Goldman Sachs foi a entidade responsável pela”operação”
que escondeu o défice grego, contribuindo assim para agravar a chamada crise
das dívidas públicas denominadas em euros.
Mesmo sabendo
que outros altos “dignitários” (como o também ex-presidente da Comissão
Europeia, Romano Prodi, os ex-comissários europeus, Mario Monti e Peter
Sutherland, o actual presidente do BCE, Mario Draghi, ou Otmar Issing, que foi
um dos arquitectos do euro, entre outros) que transumaram de ou para o Goldman
Sachs melhor se entenderá quem apresente fortes reservas quanto à legalidade
onde opera a Goldman Sachs e à qual não consta que Durão Barroso alguma vez
tenha formulado a menor dúvida. Aliás, como seria tal possível se ele não
hesitou em abandonar as responsabilidades políticas para as quais tinha sido
eleito por um cargo de nomeação no areópago europeu?
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