A integração
da Europa de Leste, no conjunto da política de alargamento aos países do bloco
soviético, constitui o maior fracasso dos últimos 30 anos do modelo de
integração europeia. Esta política essencialmente impulsionado pela ganância
das empresas da Europa Ocidental (e dos EUA) tem sido aplicada à custa da
integração política do continente como um todo e especialmente das populações
de leste, cuja baixa participação nas eleições europeias é tantas vezes mencionada
mas nunca relacionada com a não menos referida grande ansiedade regional para
entrar na UE. O flanco oriental da UE é agora uma manta de retalhos de países
movidos por motivações diversas, integrados em diferentes graus e divididos por
interesses de todos os tipos, o que conduz a que os riscos de desintegração e
conflito sejam enormes e ameacem o projecto europeu, muito mais que a saída do
Reino Unido.
A crise euro-russa
de 2014 criou as condições para o desmembramento desta região, agora dividida
entre inúmeros interesses e diferentes perspectivas de futuro e onde a ascensão
da extrema-direita, coincidindo precisamente com 2014, é apenas mais um reflexo
das disparidades económicas e sociais que proliferam na UE. A consciência
destes perigos deveria deixar antever que os europeus acabassem rapidamente com
as sanções contra a Rússia, tanto mais que aquelas se revelaram pouco eficazes
e altamente contraproducentes para as economias da periferia europeia. Se não o
fizerem, o desmembramento desta região será acompanhado duma explosão de
tensões locais e entre a Europa e a Rússia. Explosão cujo detonador poderá situar-se
algures numa região balcânica claramente envolvida na equação.
Sem comentários:
Enviar um comentário