No dia em que
decorrem umas disputadas eleições no Reino Unido chegam finalmente de Israel
notícias de que «Netanyahu
consegue apoio de última hora para formar governo», no quadro parlamentar resultante
das eleições que tiveram lugar em meados de Maio.
Confirmando as
dificuldades na constituição dum acordo para formação do governo, foi preciso
uma extensão do prazo para alcançar um acordo com o partido ultra-nacionalista Bait Yehudi (Lar Judaico) que permitirá a Benjamin
Netanyahu uma maioria parlamentar frágil (61
dos 120 votos no Knesset) e, quiçá, politicamente suicida.
Fracassado o
acordo com o também ultra-nacionalista Avigdor Lieberman (ministro dos Negócios
Estrangeiros do anterior governo e líder do Yisrael
Beitenu), Netanyahu ficou obrigado a aceitar as imposições de Naftali Bennett
(líder do Bait Yehudi) ou ver-se desapossado do cargo de primeiro-ministro.
Talvez o orgulho pessoal, ou a mera necessidade, tenham falado mais alto, mas o
facto é que Israel passará a ter um governo permanentemente refém das
exigências e dum partido ultra-nacionalista defensor de mais anexações
territoriais na Cisjordânia e da construção de mais colonatos, opções que
contrárias às defendidas pelos EUA e a UE.
O
futuro governo israelita não entregará apenas a pasta da Justiça a Naftali
Bennett – opção particularmente polémica depois dos recentes acontecimentos que
levaram a comunidade de origem etíope a manifestar-se contra o tratamento
racista de que tem sido alvo e a imprensa a relatar a situação dizendo que a «"Panela
de pressão explodiu" entre os próprios israelitas» – mas, ao que tudo o indica, terá hipotecado todo o
seu futuro relacionamento com a comunidade internacional, para não falar na
pronta reacção
palestiniana que já classificou o governo que sairá do acordo como contrário à
paz.
Mesmo
esquecendo a eterna questão palestiniana, parece cada vez mais oportuna a
interrogação que todos os israelitas deveriam formular em voz alta: lar quê?
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