Com mais uma
“reforma da Justiça” como pano de fundo, conduzida ao que tudo indica com a
habitual falta de tacto e de capacidade de diálogo entre todos os
intervenientes, não será de estranhar que andem agitados os ares, tanto mais
que à mudança se juntou o colapso da aplicação informática que serve de base ao
funcionamento do processo judicial.
À falta de
diálogo tem sobejado alguma altivez (mesmo quando mal disfarçada por um pedido
de desculpas formal), não faltando sequer insinuações, especialmente quando a «Ministra
da Justiça diz que está a "apanhar" porque mexeu em interesses».
Após umas primeiras
declarações referindo a existência de «Suspeitas
de crime no 'crash' do Citius», rapidamente surgiu
a notícia que a «Ministra da Justiça
acusa dois técnicos da Judiciária de sabotagem do Citius». Notificada a PGR
daquela suspeita, soube-se quase de imediato que aquela «Procuradoria
deixa cair sabotagem no Citius e investiga ocultação de informação»,
deixando perceber uma abordagem menos radical da acusação e que enqunto os «Funcionários
da PJ que trabalhavam no Citius refutam acusações de sabotagem»,
«negam boicote e garantem que cumpriram ordens»,
crescem as hipóteses dos “culpados” parecerem cada
vez mais meros bodes expiatórios que os perigosos sabotadores inicialmente
apresentados.
Só o tempo
esclarecerá se o que levou o Citius a bloquear foi o facto dos acusados não terem
reportado as limitações da aplicação informática ou se as cúpulas do poder
simplesmente preferiram não os ouvir. Esta questão não é displicente – para já
o que parece evidente é que a equipa que pretende governar a Justiça afinará
pelo mesmo diapasão do resto da estrutura governativa montada pela dupla Passos
Coelho/Paulo Portas – um conjunto de pretensos “jovens turcos” imaturos e
incompetentes, demasiado apegados a quimeras ideológicas e tão desligados da realidade
quanto da experiência que só o exercício de actividades profissionais diversificadas
(que não a mera passagem pelas estruturas partidárias juvenis ou seniores) pode
proporcionar – mas a sua resposta, como tantas outras, deverá permanecer omissa,
tanto mais que reputados especialistas, como o professor José Tribolet (presidente do Instituto Nacional de
Engenharia e Sistemas de Computadores - INESC), consideram que
foram os «Problemas no Citius gerados por responsáveis
"analfabetos"» e que demorará «Um ou dois anos» para o Citius ir ao sítio.
Garantido é
que depois dos recentes acontecimentos com a colocação de professores e a
abertura do ano escolar, com a redução do número de tribunais e o “crash” do
Citius, com o SNS e os tratamentos oncológicos, a gestão da “coisa pública”
continua “amarrada por arames”!
[i] Trocadilho
entre o nome atribuído à aplicação de gestão
processual nos Tribunais Judiciais, que em latim significa “célere” e a
situação de bloqueio que o sistema informático viveu (ou vive).
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