quinta-feira, 13 de março de 2014

FELIZMENTE OS HOMENS NÃO SÃO TODOS IGUAIS

Não tendo por hábito usar este espaço para a mera reprodução de opiniões de terceiros proponho-me hoje quebrar essa regra a propósito dos comentários que na comunicação social têm surgido a propósito do “Manifesto dos 70”.


No “post” anterior deixei uma reacção a quente sobre o documento e a sua ideia central; agora, depois das reacções do primeiro-ministro e dos muitos que saíram à liça em defesa da “sua dama” – como foi o caso de José Gomes Ferreira que referindo (e bem) que os subscritores do Manifesto pouco ou nada contribuíram para uma verdadeira reforma do Estado ou para acabar com o ignominioso sistema de rentista, conclui a sua «Carta a uma Geração Errada» com o apelo para que os subscritores do Manifesto deixem os mais novos trabalhar, expressão duplamente infeliz porquanto recorda a que usou o ex-primeiro-ministro Cavaco Silva cujos governos foram os grandes responsáveis pela opção por um modelo de crescimento económico sustentado nas grandes obras públicas fortemente responsáveis pelo crescimento da dívida pública enquanto esquece (ou espera que esqueçamos…) que a geração dos mais novos é aquela que actualmente governa o País com os resultados que estão à vista – parece mais do que justificado deixar aqui o testemunho (hoje publicado no DN) de um dos subscritores do Manifesto, Viriato Soromenho Marques, personalidade que além de há muito criticar o modelo do resgate sempre enquadrou a questão na dimensão do quadro europeu onde o País se insere e no respeito da diversidade, porque…
«Os homens não são todos iguais

O manifesto propondo a reestruturação da dívida foi conhecido no mesmo dia em que o INE revelava os resultados da política levada a cabo pela troika com a cumplicidade entusiástica deste governo. Como se fosse uma lista de baixas numa guerra, ficámos a saber que o PIB do país recuou ao nível do ano 2000 e o emprego tombou até ao ano de 1996. Em dois anos e meio foram destruídos 328 mil empregos. Tudo isto para combater uma dívida pública bruta excessiva, que, no mesmo período, subiu de 94% para quase 130% (ultrapassando em 15% as precisões da troika)! Este manifesto limita-se a olhar a realidade de frente: o País caminha para o suicídio, e é preciso mudar o rumo. No quadro europeu. Pesando o interesse de Portugal, mas também o interesse comum do projecto europeu, de que muita gente, em Bruxelas e Berlim, parece ter-se esquecido. Perante isso, o primeiro-ministro, e uma escassa legião de escribas auxiliares, acusam os subscritores do manifesto de "pôr em causa o financiamento do país", de "inoportunidade", e, até, de falta de patriotismo. No século xix, dois grandes europeus, Antero de Quental e Nietzsche escreveram, ao mesmo tempo, quase a mesma coisa: o que separa os homens é a maior ou menor capacidade que têm de "suportar" a verdade de que depende a dignidade da vida. A verdade dói, mas a mentira mata. Tenho muito orgulho em ter assinado este manifesto ao lado de Manuela Ferreira Leite, ou Bagão Félix, pois a diferença crucial não é entre esquerda e direita, mas entre a verdade e a mentira. O que une este governo, e o atual diretório europeu, é a ligação umbilical entre o seu poder e a mentira organizada. O país e a Europa só poderão sobreviver se forem resgatados de líderes medíocres, com fobia da verdade.»

…e são cada vez em maior número os que rejeitam os malabarismos canhestros, como o de Passos Coelho que já vai dizendo que afinal os «Cortes temporários de salários e pensões são para durar», dos que dizem o que for preciso para se perpetuarem no poder.

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