Depois dos
rios de tinta gastos pela imprensa ocidental no apoio à “revolução ucraniana”,
cuja descrição evitou sempre aflorar a questão da verdadeira origem dos
“patriotas” pró-europeus e das suas estreitas ligações aos sectores da direita
mais radical (sobre esta questão ver o “post”
«XADREZ
DELICADO»), eis que perante a inevitável reacção russa passou a tema
central dos comentadores o regresso da guerra fria.
Claro que para
o europeu-comum a notícia de que os «Russos invadem base naval da Ucrânia»
pode fazer recordar os tempos da Guerra Fria e agitar fantasmas que se
julgavam enterrados. Mas a realidade é que salvas as devidas proporções a
chamada crise ucraniana não passa duma reedição doutras crises, como a do Kosovo
ou a da Geórgia, e de mero reflexo da desastrada condução dos negócios
estrangeiros por uma UE, onde pontifica a liderança alemã, responsável pela
criação junto dos ucranianos duma ilusão de adesão (quando na realidade ninguém
na UE aceita a ideia) e de ter fomentado um acordo entre governo e oposição que
nunca tencionou aplicar.
O que hoje se chama de reacendimento da Guerra Fria é tão
só consequência de duas incapacidades: a americana na imposição de soluções
através da projecção da sua força militar (como parecem longínquos os tempos do
poderio da NATO e da 7ª Esquadra) e a europeia na concertação interna duma
estratégia e na capacidade financeira para a sua aplicação.
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