quarta-feira, 19 de março de 2014

A SOMBRA

Depois dos rios de tinta gastos pela imprensa ocidental no apoio à “revolução ucraniana”, cuja descrição evitou sempre aflorar a questão da verdadeira origem dos “patriotas” pró-europeus e das suas estreitas ligações aos sectores da direita mais radical (sobre esta questão ver o “post” «XADREZ DELICADO»), eis que perante a inevitável reacção russa passou a tema central dos comentadores o regresso da guerra fria.


Claro que para o europeu-comum a notícia de que os «Russos invadem base naval da Ucrânia» pode fazer recordar os tempos da Guerra Fria e agitar fantasmas que se julgavam enterrados. Mas a realidade é que salvas as devidas proporções a chamada crise ucraniana não passa duma reedição doutras crises, como a do Kosovo ou a da Geórgia, e de mero reflexo da desastrada condução dos negócios estrangeiros por uma UE, onde pontifica a liderança alemã, responsável pela criação junto dos ucranianos duma ilusão de adesão (quando na realidade ninguém na UE aceita a ideia) e de ter fomentado um acordo entre governo e oposição que nunca tencionou aplicar.

O que hoje se chama de reacendimento da Guerra Fria é tão só consequência de duas incapacidades: a americana na imposição de soluções através da projecção da sua força militar (como parecem longínquos os tempos do poderio da NATO e da 7ª Esquadra) e a europeia na concertação interna duma estratégia e na capacidade financeira para a sua aplicação.

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