De forma
tímida, quase envergonhada, surgiu esta semana uma reacção diferente ao já
célebre Manifesto dos 70.
Não me estou a
referir ao documento onde «Economistas
internacionais apoiam reestruturação da dívida» nem sequer à óbvia reacção
sintonizada, onde o «Governo
diz que apoio internacional ao Manifesto dos 70 tem pouco relevo» e o «PSD desvaloriza apoio estrangeiro ao
Manifesto dos 70», antes a algo bem mais singelo e menos adequado às
manchetes jornalísticas; um artigo de opinião assinado por André Macedo,
o editor do DINHEIRO VIVO, que junta ao debate a questão da dívida privada.
Mesmo que se
entenda que a questão da crise da dívida pública denominada em euros é em
grande medida uma questão de natureza e dimensão europeias e que as chamadas
soluções nacionais, como a da “austeridade expansionista”, apenas contribuem
para agravar, é inegável que a par das soluções que venham a ser gizadas na
dimensão comunitária, outras (mais idênticas ou mais diversas) de dimensão
nacional terão que ser engendradas para debelar a não menos importante questão
do endividamento das famílias e das empresas.
Como
apropriadamente recorda o artigo só a «…dívida das
empresas ultrapassa 155% do PIB e não há maneira de baixar; é o maior fracasso
deste período de ajustamento e no entanto pouco se fala dele»
e as soluções primam por vagas quando não se resumem ao simples deixar passar o
tempo na expectativa que a recuperação (pelos vistos outra maior que a que
Governo e apoiantes apregoam) venha a resolver naturalmente o problema. O pior
é que não só o montante é exorbitante como as estruturas familiares e o tecido
empresarial, em especial as PME e as microempresas, padecem do mesmo mal que o
sistema financeiro – uma crónica ausência de capitais próprios – cujo
encobrimento em nada tem contribuído para a construção duma solução que, tarde
ou cedo, culminará na inevitabilidade da tal reestruturação que a ortodoxia do
poder recusa e que o tempo apenas tornará mais dolorosa.
Curioso em
tudo isto é que, num claro reconhecimento dos erros que levaram à crise que
atravessamos, foi notícia, também nesta semana, o acordo europeu assegurando
que no futuro os «Bancos
já não serão salvos por contribuintes», mesmo que numa análise mais
cuidadosa se devesse dizer que com o «Parlamento
e Conselho de acordo. Falta o resto...»
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