Terminado de
ler o artigo de Nicolau Santos, «BELMIRO
E OS TRABALHADORES ALEMÃES», no qual a sua assumida costela de keynesiano
(o conjunto da suas crónicas é regularmente publico num “blog” do EXPRESSO intitulado
precisamente «Keynesiano,
graças a Deus») o leva a criticar abertamente a afirmação noticiada pelo NEGÓCIOS de que aquele capitão de
indústria afirmou que os «Salários
só podem aumentar quando portugueses aumentarem produtividade», respigo o
parágrafo final: «Há
muitas razões para a baixa produtividade da economia portuguesa. Mas as
principais não têm a ver com os trabalhadores, ao contrário do que Belmiro de
Azevedo disse. Mas como uma inverdade, muitas vezes repetida, passa a verdade,
é bom que se desmonte a muito papagueada inverdade»,
que sintetiza as razões que contrapôs à afirmação e justifica o aprofundamento
da questão.
Como noutras ocasiões
escrevi (ver os “posts” «SOBRE
A PRODUTIVIDADE», «PORTUGAL
– UM RETRATO ECONÓMICO» e «IMAGENS
FATAIS») tornou-se moda atirar aos incautos o chavão da fraca produtividade
para justificar as políticas de benefício do capital, como se a produtividade
não fosse fruto da conjugação de dois factores (trabalho e capital) e cada vez
mais influenciada pelo tipo de bens produzidos (como refere Nicolau Santos) e
pelos preços praticados em diferentes mercados.
A preocupação
de Belmiro de Azevedo insere-se na mesma linha de pensamento que levou, quase
em simultâneo, a ouvir-se no Parlamento da boca do primeiro-ministro Passos
Coelho que «Não
podemos regressar aos salários e pensões de 2011», mas não reflecte
minimamente a realidade duma economia em crise onde as maiores fortunas continuam
a crescer (segundo a mais recente lista da Forbes, Américo Amorim, Soares dos
Santos e Belmiro de Azevedo viram as suas fortunas aumentadas em cerca de 17%) e
que só no caso de Américo Amorim representa 2,5% do PIB nacional, algo que na
liberal América só é alcançado pelo conjunto das cinco maiores fortunas.
Dito isto será
preciso voltar a repetir que o que desde a primeira hora está em curso não é um
processo de recuperação da economia nacional (fragilizada precisamente pelos mesmos
que pretendem agora apresentar-se como os salvadores), antes um despudorado
processo de concentração da riqueza nacional nas mãos de um pequeno número de
privilegiados?
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