Ao invés do
que o título possa sugerir não vou voltar a abordar a situação
político-económica que a Europa e o Mundo atravessam; proponho-vos antes uma
breve reflexão sobre alguns acontecimentos e outras leituras recentes.
No plano
internacional, ao que dizem os comentadores e outros grandes entendidos na
matéria, há quase seiscentos anos que a Humanidade não assistia à resignação
dum Papa; mas isso aconteceu na semana passada, na mesma semana em que o
primeiro-ministro foi mimado no Parlamento ao som da Grândola Vila Morena…
…quase em
simultâneo com a passagem do asteróide 21012DA14 e a queda na Rússia dum «Meteorito
provoca prejuízos de milhões de euros» e mais de um milhar de feridos; com
o fenómeno dos protestos a repetir-se em ocasiões posteriores, nomeadamente na
última sessão do Clube dos Pensadores com «Relvas
interrompido por “Grândola Vial Morena”» ou ontem quando «Estudantes
obrigam Relvas a abandonar conferência» para assinalar o vigésimo
aniversário da TVI que decorria no ISCTE.
Ao que dizem
os comentadores e outros grandes entendidos na matéria, há quase seiscentos
anos que a Humanidade não assistia à resignação dum Papa; ao que parece o mundo
católico não ruiu, mesmo quando alguns menos recatados (ou mais ávidos de
agitação) vão lembrando que poucas horas depois do anúncio caiu um raio sobre a
cúpula da Basílica do Vaticano (como se houvesse aqui alguma semelhança com os
intrépidos bárbaros gauleses, imortalizados por René Goscinny, que a única
coisa que receavam era que o céu lhes caísse na cabeça), o que sucedeu é que o
assunto rapidamente se transformou em mote para os mais variados comentários.
Entre estes
destaque-se a crónica de Ricardo Araújo Pereira na edição 1041 da VISÃO,
«Precisa-se pregador», onde retomando o agora muito actual e católico acto da
resignação recomenda ao ministro das finanças que siga tão elevado exemplo e
que em caso de recalcitração ou excessivo apego à sua fé nos “mercados” lhe
seja enviado um pregador, convincente conversor de almas, escolha que no caso
vertente o autor recomenda deveria recair em personalidade católica, douta e
versada em questões económicas, como João César das Neves.
Entendendo
perfeitamente o peso e a substância da proposta de Ricardo Araújo Pereira e até
eu que estou longe, muito longe, de me contabilizar entre os fiéis seguidores
de César das Neves, reconheço as imensas qualidades da figura; o problema é que
não sei se o apego deste aos “mercados” não será igual ou maior que o seu afã
católico, qualidade que, podendo prejudicar o seu proselitismo, o deveria levar
a recusar a incumbência… mas todos sabemos bem como a ética anda arredia dos
que calcorreiam os corredores do poder e seus arredores!
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