Têm crescido
os casos de investigação judicial relacionados com suspeitas de corrupção
envolvendo empresários, figuras da política e até membros da magistratura,
situação que pode ser encarada sob uma perspectiva positiva – a melhoria do
ambiente social e a aparência de um efectivo combate a um dos grandes flagelos sociais
e económicos – mas que tem igualmente revelado preocupantes sinais fragilidade,
seja na aparente irrelevância de alguns casos, como foi exemplo o da suspeita
de corrupção lançada sobre Mário Centeno, seja na forma como estes “casos”
persistem em chegar ao conhecimento da imprensa.
Se nada deve
abalar a eficácia do sistema judicial, menos ainda deve este servir para um julgamento
precoce dos indiciados que em última instância funcionará sempre em desprimor
da Justiça e benefício daqueles a quem o excesso de ruído ambiente protege do devido
escrutínio.
Pior ainda é
quando todo o processo de sensacionalismo parece estranhamente enviesado e é canalisado
para a esfera do combate político, por intervenientes que, pobres de ideias ou
de argumentos, procuram minar o campo adversário.
Se ninguém de
boa fé parece negar a necessidade da isenção e probidade da Justiça, já o
sentimento de equidade parece cada vez mais ferido e abandonado à sua sorte num
contexto onde tudo o que interessa é eliminar os adversários a qualquer preço e
por quaisquer meios. Continuando nesta via, perante a passividade e o silêncio quase
geral, caminhamos a passos largos para um sistema justicialista e caudilhista que
encerrará ainda mais o trilho já demasiadas vezes estreito do debate de ideias
e da procura de soluções para os problemas económicos, ambientais e sociais que
a todos afligem.
Demasiadas
vezes assistimos à redução do debate político a um mero jogo de interesses donde
invariavelmente tem emergido o fortalecimento dos interesses duma minoria
económica e politicamente poderosa em detrimento dos interesses da vasta
maioria das populações.
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