Voltámos esta semana a ouvir
falar do bom desempenho da economia nacional com a notícia de que o «Produto
Interno Bruto cresce 2,7% em 2017», dizendo-se mesmo que «Desde
2000 que a economia portuguesa não crescia tanto».
Saber que a «Economia
portuguesa cresceu 2,7% em 2017, o ritmo mais rápido desde 2000» é uma
notícia claramente positiva principalmente quando é o próprio INE que afirma no
seu relatório que «[e]sta evolução
resultou do aumento do contributo da procura interna, refletindo principalmente
a aceleração do investimento...», confirmando a validade da tese há muito
defendida sobre a importância do efeito multiplicador do consumo interno e que
os neoliberais defensores da “austeridade-expansionista” tanto criticam e tanto
contribuiram para delapidar.
Mas ninguém pode embandeirar em
arco com a afirmação de que a «Economia
cresceu 2,7% em 2017 à custa do investimento interno» quando o país
continua a registar níveis de investimento preocupantemente baixos, nem será
expectável qualquer inversão desta tendência enquanto se mantiver o peso
excessivo dum serviço da dívida que outra coisa não é senão um mecanismo de
transferência da riqueza nacional produzida para o exterior.
Continuar a defender a
renegociação da dívida não é apenas uma necessidade da mais elementar justiça
económica e social, é também algo de indispensável a quem quiser assegurar o
futuro da economia nacional; sem demagogias nem falsos compromissos, o
crescimento salutar do investimento de que continuamos a carecer (aquele que
não se sustente em larga medida do recurso ao crédito) apenas poderá ocorrer
quando se puser cobro ao processo de contínua transferência da riqueza proporcionado
pelo sistema da dívida e nos termos em que este tem funcionado.
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