Em mais um
início de ano regista-se em Davos nova reunião do World
Economic Forum (também conhecido como o fórum dos ricos) e a apresentação
de mais um relatório anual da OXFAM, revelando
visões distintas sobre a realidade que vivemos.
Para os
dignitários que anualmente desfilam por Davos vale sobretudo a ideia onde o «FMI
revê em alta crescimento mundial para 2018 e 2019. Mas duvida que a aceleração
seja durável», pois nas palavras da própria Christine Lagarde, a
directora-geral do FMI, «“Esta
retoma económica é cíclica. Não se sintam satisfeitos”». Em resumo e em
linguagem comum é quase como um “aproveitem que isto não vai durar muito!”
Sinal
disso mesmo pode ser lido no último relatório da
OXFAM ao revelar que está a «Riqueza
guardada nas mãos de "meia dúzia"» quando anuncia que mais de 80%
da riqueza criada no mundo em 2017 pertence a 1% da população mundial enquanto 50%
desta recebeu práticamente nada. Os números da desigualdade ganham ainda outra
expressão quando ficamos a saber que nos últimos doze meses a riqueza dos mais
ricos aumentou 762 mil milhões de dólares (quase quatro vezes o PIB nacional e,
segundo a mesma OXFAM, o suficiente para eliminar sete vezes a pobreza extrema)
e que na última década os trabalhadores por conta doutrém viram o seu
rendimento aumentar a uma média de 2% ao ano enquanto os multimilionários viram
a sua riqueza aumentar a uma taxa média anual de 13%.
Claro
que de pronto surgiram vozes acusando
o relatório de desonestidade intelectual, defendendo os benefícios da globalização
económica e lembrando os milhões de pessoas que esta já retirou da pobreza
extrema; o que não negaram foi os níveis crescentes de desigualdade e a
conjunção de cenários cada vez menos optimistas sobre a evolução do emprego, face
aos quais não será de estranhar que, na ausência de respostas, surja uma crescente
contestação e que esta adquira contornos cada vez mais violentos.
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