sexta-feira, 1 de setembro de 2017

ELE LEVANTOU-SE E... FALOU

Oficialmente encerrada ontem, qual folhetim de 3ª categoria promovido por jornais de pior classificação, a silly season nacional não podia ter terminado sem o adequado happening e assim foi que, com uma mãozinha da Universidade de Verão do PSD, Cavaco Silva voltou às parangonas noticiosas.

Para dizer o quê? Para garantir, do alto duma cátedra atenta e venerandamente escutada por um grupo de jotinhas e pelo seu ex-primeiro ministro favorito (também ele um ex-jotinha), no seu jeito habitualmente mefitstofélico e vingativo, que um dia a economia desalecerará!!!


Mas não se ficou por uma afirmação meramente tecnocrática e banal (o princípio dos ciclos económicos é que estes variam entre períodos de crescimento e de quebra), borrou-a com a sua conhecida verbe vingativa, afirmando – em clara negação com a realidade – que os «Governos que querem revolução socialista "acabam por perder o pio"» e mostrou-se atento aos ventos da actualidade invocando umas, agora obrigatórias, «“Fake news” e muitas críticas a Marcelo e Costa», que ninguém estranhou.

As críticas (indirectas) à verborreia de Marcelo e as mais directas às opções política de António Costa não se estranham face ao currículo e às conhecidas linhas de pensamento daquele que em tempos assegurou que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava ou estoutra pérola que foi a dogmática afirmação de que duas pessoas com o mesmo tipo de informação tomam a mesma decisão; já a modernaça alusão às fake news, vinda de um ex-presidente da República que esteve na origem (através do seu acessor Fernando Lima) de notícias (falsas) sobre uma pretensa espionagem a Belém agora travestido em virgem púdica objecto de notícias falsas, não merecerá mais que uma sonora gargalhada.

Para terminar, achou por bem alertar ainda para um regresso da censura, como se o seu apego ao dogma da inexistência de alternativa não fosse ele mesmo uma clara forma de censura.

Claro que na reacção, o sibilino «António Costa considera “natural” que Cavaco Silva “tenha saudades de um palco”» enquanto o verborreico Marcelo Rebelo de Sousa se limitou a anunciar que «“Quando deixar de ser Presidente, não farei comentários sobre os meus sucessores”»; ambos usaram luvas de pelica para a bofetada que não remeterá o autor à tumba de onde saiu, enquanto os seus prosélitos dele continuarem (à míngua de melhor) carentes.

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