sábado, 1 de julho de 2017

ALÔ, ALÔ!?!?

Se no plano económico não têm faltado boas notícias para o governo de António Costa, agora que até o «FMI aplaude progressos e diz que meta do défice pode ser atingida “confortavelmente”», já no plano político as últimas semanas têm sido madrastas.

Primeiro foi aquele fatídico incêndio florestal que ceifou mais de meia dezena de vidas e depois o estranho caso do assalto aos paióis de Tancos. Se neste último o «Ministro da Defesa assume "responsabilidade política" pelo assalto a paióis em Tancos», no primeiro continuamos a assistir ao espectáculo diário do pingue-pongue de desculpas entre os diferentes intervenientes sem que até agora a respectiva ministra, Constança Urbano de Sousa, tenha dado o menor sinal de entender o cerne do problema: um ou vários dos organismos que tutela falharam em situação de elevada pressão. Enquanto o seu colega de governo, Azeredo Lopes, já veio assumir publicamente as suas responsabilidades – nem que seja pelo simples facto de dirigir o ministério que tutela o exército e as instalações objecto de furto – a Ministra da Administração Interna estará talvez à espera que seja o Primeiro Ministro a apontar-lhe a solução.


É claro, para quem queira analisar as duas ocorrências com um mínimo de objectividade, que os infaustos acontecimentos poderiam ter ocorrido neste ou noutro qualquer governo; a falta de ordenamento florestal, o abandono dos campos e desertificação do interior do país datam de há décadas sem que tal pareça alguma vez ter incomodado estes ou os anteriores governantes. A insistência na opção por uma estratégia de combate aos incêndios no lugar da sua prevenção foi escolha de vários governos, assim como o foi a do famigerado sistema SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal), envolto em polémicas (seja pelos custos, estimados em mais de 500 milhões de euros, seja pelas ligações ao universo BPN de alguns “parceiros” no negócio ou pelas recorrentes queixas sobre as suas falhas) desde a primeira hora.

Importante agora era que desta vez não ficassem dúvidas sobre os efectivos esforços para colmatar os erros e que as explicações não se resumam, como habitual, a um confortável processo de difusão de culpas. Isto é o mínimo a esperar para que o governo, que tão bem tem sabido demonstrar que, ao contrário do que afirmavam Passos Coelho e Paulo Portas, havia alternativas na aplicação duma política de contenção orçamental que não a transformasse num processo de radical empobrecimento dos portugueses, mantenha a credibilidade que soube conquistar.

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