Surpreendentemente,
ou talvez não para quem acompanhe regularmente as crónicas que Wolfgang Munchau
publica no FINANCIAL TIMES (e que em boa hora
o DN tem vindo a publicar em português),
começam a ouvir-se cada vez mais opiniões sobre a necessidade de reformar um
sistema económico e financeiro que dá
cada vez mais sinais de esgotamento.
No
seu último artigo, intitulado «REFORMEM
O SISTEMA ECONÓMICO AGORA OU OS POPULISTAS FÁ-LO-ÃO» defende a ideia que
«...começaria com uma reavaliação fundamental da gestão macroeconómica moderna,
desde os bancos centrais independentes e a deliberação das metas de inflação
até aos mercados financeiros desregulamentados e as metas da política
orçamental» e deixa logo o
aviso que «...se nós, que somos a ordem
estabelecida liberal, não fizermos isso, os populistas fá-lo-ão por nós», mesmo considerando que os axiomas que sustentam o sistema não conseguem
explicar «...as coisas que vemos à nossa volta: crises financeiras
sem fim; uma perda permanente da produção económica; desequilíbrios
persistentes, incapacidade dos bancos centrais de cumprirem os seus objectivos
de inflação; taxas de juro zero».
Para salvar o
essencial Munchau até já aceita discutir o dogma neoliberal da independência
dos bancos centrais... mas continua a não dedicar a menor atenção ao problema
do controlo privado da emissão de moeda, verdadeiro fulcro da espiral de
endividamento público e privado em que vivemos.
No essencial
como o seu aviso é destinado precisamente aos fiéis do neoliberalismo
desregulador usa o cada vez mais desgastado princípio de aparentar mudar alguma
coisa para que tudo continue na mesma e a seguirmos um roteiro que preserva o
essencial – o controlo da criação privada de moeda – estaremos a manter
intactas as facilidades que levaram ao deflagrar duma crise sistémica que as
elites dirigentes insistem que vejamos com os seus olhos benignos e nos
regozijemos pelas pequenas mudanças que em nada afectam os seus interesses, do
mesmo modo que as grandes causas populistas (a limitação à circulação de
pessoas ou o fortalecimento dos aparelhos policiais e militares) apenas
contribuem para uma falsa sensação de segurança ou para o aumento dos lucros
dos fabricantes e fornecedores de equipamentos a eles associados.
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