quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

REFORMEM O SISTEMA ECONÓMICO AGORA OU OS POPULISTAS FÁ-LO-ÃO... PARA PIOR

Surpreendentemente, ou talvez não para quem acompanhe regularmente as crónicas que Wolfgang Munchau publica no FINANCIAL TIMES (e que em boa hora o DN tem vindo a publicar em português), começam a ouvir-se cada vez mais opiniões sobre a necessidade de reformar um sistema económico  e financeiro que dá cada vez mais sinais de esgotamento.

No seu último artigo, intitulado «REFORMEM O SISTEMA ECONÓMICO AGORA OU OS POPULISTAS FÁ-LO-ÃO» defende a ideia que «...começaria com uma reavaliação fundamental da gestão macroeconómica moderna, desde os bancos centrais independentes e a deliberação das metas de inflação até aos mercados financeiros desregulamentados e as metas da política orçamental» e deixa logo o aviso que «...se nós, que somos a ordem estabelecida liberal, não fizermos isso, os populistas fá-lo-ão por nós», mesmo considerando que os axiomas que sustentam o sistema não conseguem explicar «...as coisas que vemos à nossa volta: crises financeiras sem fim; uma perda permanente da produção económica; desequilíbrios persistentes, incapacidade dos bancos centrais de cumprirem os seus objectivos de inflação; taxas de juro zero».

Para salvar o essencial Munchau até já aceita discutir o dogma neoliberal da independência dos bancos centrais... mas continua a não dedicar a menor atenção ao problema do controlo privado da emissão de moeda, verdadeiro fulcro da espiral de endividamento público e privado em que vivemos.


No essencial como o seu aviso é destinado precisamente aos fiéis do neoliberalismo desregulador usa o cada vez mais desgastado princípio de aparentar mudar alguma coisa para que tudo continue na mesma e a seguirmos um roteiro que preserva o essencial – o controlo da criação privada de moeda – estaremos a manter intactas as facilidades que levaram ao deflagrar duma crise sistémica que as elites dirigentes insistem que vejamos com os seus olhos benignos e nos regozijemos pelas pequenas mudanças que em nada afectam os seus interesses, do mesmo modo que as grandes causas populistas (a limitação à circulação de pessoas ou o fortalecimento dos aparelhos policiais e militares) apenas contribuem para uma falsa sensação de segurança ou para o aumento dos lucros dos fabricantes e fornecedores de equipamentos a eles associados.

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