Decorre hoje,
por terras britânicas, um referendo sobre a permanência do país na UE cujo
resultado não poderá deixar de influenciar o futuro imediato duma união que se
esboroa, surgido não porque o governo de Londres tenha algum projecto
significativamente diferente mas porque voltaram a grassar ventos isolacionistas e xenófobos.
Além das
óbvias diferenças entre ingleses e escoceses (que em caso de vitória do “não”
deverão reacender as tendências autonómicas destes) e da famigerada estratégia
que levou os sucessivos governos ingleses a nunca abraçarem declaradamente a
causa europeia, a ideia de referendar a permanência na UE tem principal origem
em questões de política interna e até entre facções do partido conservador, no
poder.
Sabido que a
Inglaterra sempre desprezou todas as iniciativas que conduzissem a uma
crescente integração do espaço europeu – espaço Schengen, moeda única – e
sempre privilegiou o seu alinhamento com Washington – caso da invasão do Iraque
e apoio à NATO em detrimento dum exército único europeu – não se estranha que
perante a confirmação de que a crise está a alastrar dos países do sul para os
do norte se tenha reforçado o discurso isolacionista, pseudo protector dos
interesses das populações nacionais, mesmo quando o «Secretário-geral
adjunto da NATO avisa que saída do Reino Unido terá impacto na segurança da
Europa» ou quando até os «Principais
empresários britânicos apelam à permanência na UE».
A leviandade
com que a partir de Londres tem sido encarada a construção europeia e a
infantilidade de questionar agora a sua continuidade, mais que justificam que a
verdadeira consulta popular deva ser a de saber se os europeus querem continuar
a suportar o verdadeiro “peso morto” que tem sido a participação inglesa num
processo de integração em que estes nunca acreditaram.
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