Mesmo após as
eleições gerais em Espanha, concluídas com o mais que óbvio resultado da
manutenção do impasse entre as forças políticas tradicionais, a questão fulcral
para os europeus continua a ser o “Brexit” como se esta constituísse um
fenómeno autónomo ao processo de integração europeia, processo que o Reino
Unido sempre abordou de forma enviesada.
Foi assim que
os ingleses fomentaram a EFTA,para a abandonarem em 1973 com a aproximação à
CEE, e que desde a sua permanência na UE sempre se destacaram pela sua
aproximação a Washington e à NATO (caso da invasão do Iraque) ou no fomento das
políticas de alargamento ao leste europeu em detrimento da consolidação do
projecto europeu. O alargamento aos países do antigo bloco soviético foi o maior
fracasso dos 30 anos de construção europeia porque foi movida essencialmente
pela ganância das empresas da Europa Ocidental (e dos EUA) e executada a
expensas da integração política do continente no seu conjunto.
O flanco
oriental da UE é hoje uma manta de
retalhos de países movidos por interesses diferentes, com graus de integração diversos
(uns integram a zona Schengen, outros o Euro e outros nem uma coisa nem a
outra) e sustentados por interesses de todas as naturezas, pelo que os riscos
de desintegração e de conflitos são consideráveis e ameaçam o projecto europeu,
tanto ou mais do que a saída do Reino Unido. O recrudescimento da tensão com a
Rússia (primeiro a propósito da Geórgia e agora com a questão ucraniana) criou
as condições para uma desarticulação duma região agora dividida entre inúmeros
interesses e futuros possíveis e marca, com a questão ucraniana, o reaparecimento
das extremas-direitas.
Níveis de
integração e direitos diferentes criam verdadeiras desigualdades de tratamento
na região que ultrapassam em muito as já grandes diferenças em termos de
desenvolvimento económico. Se a UE está na realidade longe de ser homogénea, a
sua zona oriental situa-se no extremo, quando em termos de salário médio a
Bulgária regista um valor que é um terço do salário médio dos países ocidentais
mais pobres (inferior a mil euros em Portugal e na Grécia) e inferior ao dos
chineses ou nos níveis de pobreza,o que revela um fracasso de convergência
económica, que foi no entanto a principal motivação para a sua entrada na UE.
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