Enquanto se
aguarda a conclusão do processo de impeachment
da presidente brasileira, Dilma Rousseff, continuamos a ser regularmente
presenteados com notícias sobre o novo governo liderado por Michel Temer, que depois
de ter perdido um segundo ministro em apenas 17 dias vê agora umseu terceiro membro envolvido em mais uma suspeita de crime.
Depois de ter
perdido o ministro do Planeamento, Romero Jucá viu divulgadas escutas onde se propunha obstruir o
processo Lava Jato, seguiu-se-lhe uma semana depois o ministro da
Transparência, Fiscalização e Controlo, Fabiano Silveira, por razões idênticas:
envolvimento em acções visando o branqueamento de acusações de corrupção.
Além destas
duas demissões é ainda conhecido o envolvimento doutros seis ministros do
governo Temer no caso Lava Jato, facto por si só particularmente interessante
num governo formado por quem se propôs afastar um presidente eleito por
alegadas más práticas. Talvez para tentar contrariar esta imagem e ainda o
facto do seu governo apenas integrar homens, o habilíssimo Temer optou por
nomear para o cargo de Secretária de Políticas para as Mulheres a ex-deputada do
PMDB, Fátima Pelaes.
Não fora o
facto desta ser conhecida pelas suas posições contra o aborto (mesmo em caso de
violação) e a coincidência com o recente caso de violação colectiva duma menor,
talvez a escolha até pudesse ser bem acolhida, mas a verdadeira dimensão do
valor da equipa governativa de Michel Temer ficou clarificada logo que surgiu «Maisuma suspeita de crime no Governo de Temer» quando foi divulgado que Fátima Pelaes é alvo de investigação devido à acusação de
“associação criminosa” para o desvio de 4 milhões de reais (cerca de um milhão
de euros).
Se o governo
de Dilma Rousseff errou na questão da desorçamentação da dívida (as famosas
pedaladas fiscais, na terminologia brasileira) o seu substituto, Michel Temer,
não só tem revelado enormes fragilidades de natureza ética (começando nas
próprias manobras políticas que culminaram no impeachment como um claro
envolvimento no caso Lava Jato) como uma espantosa capacidade para
escolher colaboradores entre os mais duvidosos e inqualificáveis.
E assim, entre
o recurso a criticáveis opções de gestão e o claro conúbio de interesses, se
continua a hipotecar o futuro de milhões de brasileiros e a arruinar aquela que
já foi uma das maiores economias emergentes... em benefício de quem?
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