A decisão
ontem tomada em referendo pela saída do Reino Unido da UE, colocando em causa o
funcionamento e o futuro da união não anula minimamente a ideia que aquela foi
ditada por razões de natureza populista, ou não se tivesse chegado do outro
lado do canal a notícia que «Marine
Le Penn satisfeita com Brexit defende referendo em França», e que questões
como a da falta de democraticidade dos organismos europeus ou do desenho
inadequado de tratados e outros instrumentos pouco ou nada pesaram na decisão.
No dia
seguinte, tudo continua na mesma...
...Angela «Merkel
convoca líderes partidários alemães após referendo britânico», pressagiando
que os dirigentes europeus continuam a ignorar estoicamente os verdadeiros
problemas duma união que dizem defender, mantendo em funcionamento conclaves de
duvidosa legalidade (como o Conselho Económico-Financeiro) e de reconhecida
inoperacionalidade (como o Conselho Europeu) para debaterem as condições de
saída do Reino Unido quando no seu próprio interior crescem os sinais de
dissensão pois a «Escócia
e Irlanda do Norte queriam ficar. E já dão sinais de afastamento» que se
poderão traduzir na desagregação do Reino Unido e terão seguras consequências
noutros territórios europeus como a Catalunha e a Valónia.
O fortalecimento
dos movimentos populistas e xenófobos europeus será outra indesejável
consequência do referendo britânico que para já pouco contribuirá para a
melhoria das instituições europeias e poderá ainda servir de pretexto para agravar
a sua entropia.
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