Realizou-se no
passado fim-de-semana mais um referendo na Suíça, facto tão habitual entre os
helvéticos que talvez nem merecesse referência de maior, não fora o facto do
assunto referendado (e a forma como tem sido divulgado nos meios de
comunicação) se revestir duma importância que o tempo tornará relevante.
A mera ideia
que o assunto em debate se resumia a saber
se os suíços querem receber dinheiro por estarem vivos, transmite a
absoluta falta de conhecimento sobre o tema e ainda mais um completo
desrespeito pela velha arte de informar, pois o princípio subjacente à noção de
Rendimento Básico Incondicional está
muito além daquele simplismo e actual conjuntura de radical alteração dos
paradigmas económicos é o momento certo para o debater.
Não acompanhei
minuciosamente o debate na Suíça, mas creio não andar longe da verdade se
disser que pouco do fundamental (alteração dos modelos de produção por via da
robotização e o que isso implica de redução no número de trabalhadores,
pauperização dos mais novos e em especial dos que nunca irão encontrar
trabalho, abandono do estigMa social do desempregado preguiçoso...) terá sido
debatido quando no próprio anúncio do resultado se centram as atenções em
comparações espúrias...
... e em estribilhos
depreciativos, dizendo que os «Suíços rejeitam receber 2260 euros por mês só por estarem vivos», quando este
montante naquele país não representa sequer 50% do rendimento médio nacional.
É que mesmo
depois de vermos o «Rendimento fixo
rejeitado por 76,9% dos suíços», não tardará que os até os mais acérrimos defensores
do “mercado livre” se vejam obrigados a constatar que num mundo de
desempregados não existe “mercado” para defender..
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