quarta-feira, 8 de junho de 2016

RENDIMENTO BÁSICO INCONDICIONAL NA SUÍÇA

Realizou-se no passado fim-de-semana mais um referendo na Suíça, facto tão habitual entre os helvéticos que talvez nem merecesse referência de maior, não fora o facto do assunto referendado (e a forma como tem sido divulgado nos meios de comunicação) se revestir duma importância que o tempo tornará relevante.

A mera ideia que o assunto em debate se resumia a saber se os suíços querem receber dinheiro por estarem vivos, transmite a absoluta falta de conhecimento sobre o tema e ainda mais um completo desrespeito pela velha arte de informar, pois o princípio subjacente à noção de Rendimento Básico Incondicional está muito além daquele simplismo e actual conjuntura de radical alteração dos paradigmas económicos é o momento certo para o debater.

Não acompanhei minuciosamente o debate na Suíça, mas creio não andar longe da verdade se disser que pouco do fundamental (alteração dos modelos de produção por via da robotização e o que isso implica de redução no número de trabalhadores, pauperização dos mais novos e em especial dos que nunca irão encontrar trabalho, abandono do estigMa social do desempregado preguiçoso...) terá sido debatido quando no próprio anúncio do resultado se centram as atenções em comparações espúrias...


... e em estribilhos depreciativos, dizendo que os «Suíços rejeitam receber 2260 euros por mês só por estarem vivos», quando este montante naquele país não representa sequer 50% do rendimento médio nacional.

É que mesmo depois de vermos o «Rendimento fixo rejeitado por 76,9% dos suíços», não tardará que os até os mais acérrimos defensores do “mercado livre” se vejam obrigados a constatar que num mundo de desempregados não existe “mercado” para defender..

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