Enquanto ainda
se aguarda para conhecer todos os contornos das operações de saneamento do BPI –
que prevê a tomada da maioria do capital pelo espanhol CaixaBank em troca da
cedência da sua posição no BFA, de Isabel dos Santos – e de “resolução” do BES
e do BANIF, quando o FMI anuncia perspectivas onde a «Zona
Euro desacelera com todos os clientes de Portugal a perder gás» eis que
volta à primeira linha da actualidade uma ideia onde «António Costa quer limpar de vez o lixo
que há nas contas dos bancos», concentrando os créditos malparados num “bad bank” mas deixando intocado o actual
modo de funcionamento dum sector bancário sem separação entre as actividades
comerciais (captação de depósitos e concessão de créditos) e as especulativas.
Esta ideia de
isolar os chamados activos tóxicos segue de perto a solução adoptada pela UE
para os sistema financeiros de Espanha e Itália, pelo que não será
surpreendente que até o «Presidente
vê uma ajuda para fortalecer banca em veículo com malparado», embora,
olhando para o crescimento insuficiente de ambas as economias, os resultados
parecerem francamente duvidosos.
As reacções à
proposta vão desde a já referida, de Marcelo Rebelo de Sousa, até uma onde «Jerónimo
de Sousa teme que sejam contribuintes a fazer "limpeza" dos bancos»
ou outra onde o «BE
diz que veículo para malparado em Espanha causou danos à economia»... Nada
de novo, portanto!
Mais curioso
foi o comentário de Durão Barroso, dizendo que «"Algo
deve ser feito para resolver a questão dos bancos"», o que é
especialmente interessante vindo de um ex-primeiro-ministro e ex-presidente da
Comissão Europeia que durante o seu mandato pouco ou nada fez de útil a partir
de Bruxelas, mas que agora entre recados para a continuação das “reformas
estruturais” (leia-se redução do investimento público e continuação das privatizações)
nem sequer se esqueceu de frisar a importância do sector financeiro para a
economia.
Em termos
gerais toda a gente concordará com Durão Barroso, pois é evidente que "algo
deve ser feito" para resolver a situação da banca; o pior é que as
soluções até agora gizadas entre a nomenklatura
europeia – que mereceram o beneplácito do ex- presidente da Comissão – sempre
se saldaram em elevados prejuízos para os contribuintes e em claros benefícios
para os banqueiros e os seus accionistas, continuando por demonstrar a pretensa
indispensabilidade económica dum sistema financeiro primordialmente orientado
para a especulação.
Claro que a
solução mais rápida e económica para os banksters
será sempre o “bail out” (resgate) e
em especial se estes continuarem a assegurar-lhes uma quase inimputabilidade,
quando o que deveria já ter ocorrido era uma radical mudança no modelo de
organização do sector bancário, nomeadamente através do regresso ao princípio
da separação entre bancos comerciais e bancos de investimento, vedando aos
primeiros a prática de aplicações especulativas e aos segundo o acesso aos
depósitos dos cidadãos.
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