terça-feira, 12 de abril de 2016

MAIS UM BAD BANK

Enquanto ainda se aguarda para conhecer todos os contornos das operações de saneamento do BPI – que prevê a tomada da maioria do capital pelo espanhol CaixaBank em troca da cedência da sua posição no BFA, de Isabel dos Santos – e de “resolução” do BES e do BANIF, quando o FMI anuncia perspectivas onde a «Zona Euro desacelera com todos os clientes de Portugal a perder gás» eis que volta à primeira linha da actualidade uma ideia onde «António Costa quer limpar de vez o lixo que há nas contas dos bancos», concentrando os créditos malparados num “bad bank” mas deixando intocado o actual modo de funcionamento dum sector bancário sem separação entre as actividades comerciais (captação de depósitos e concessão de créditos) e as especulativas.

Esta ideia de isolar os chamados activos tóxicos segue de perto a solução adoptada pela UE para os sistema financeiros de Espanha e Itália, pelo que não será surpreendente que até o «Presidente vê uma ajuda para fortalecer banca em veículo com malparado», embora, olhando para o crescimento insuficiente de ambas as economias, os resultados parecerem francamente duvidosos.


As reacções à proposta vão desde a já referida, de Marcelo Rebelo de Sousa, até uma onde «Jerónimo de Sousa teme que sejam contribuintes a fazer "limpeza" dos bancos» ou outra onde o «BE diz que veículo para malparado em Espanha causou danos à economia»... Nada de novo, portanto!

Mais curioso foi o comentário de Durão Barroso, dizendo que «"Algo deve ser feito para resolver a questão dos bancos"», o que é especialmente interessante vindo de um ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia que durante o seu mandato pouco ou nada fez de útil a partir de Bruxelas, mas que agora entre recados para a continuação das “reformas estruturais” (leia-se redução do investimento público e continuação das privatizações) nem sequer se esqueceu de frisar a importância do sector financeiro para a economia.

Em termos gerais toda a gente concordará com Durão Barroso, pois é evidente que "algo deve ser feito" para resolver a situação da banca; o pior é que as soluções até agora gizadas entre a nomenklatura europeia – que mereceram o beneplácito do ex- presidente da Comissão – sempre se saldaram em elevados prejuízos para os contribuintes e em claros benefícios para os banqueiros e os seus accionistas, continuando por demonstrar a pretensa indispensabilidade económica dum sistema financeiro primordialmente orientado para a especulação.

Claro que a solução mais rápida e económica para os banksters será sempre o “bail out” (resgate) e em especial se estes continuarem a assegurar-lhes uma quase inimputabilidade, quando o que deveria já ter ocorrido era uma radical mudança no modelo de organização do sector bancário, nomeadamente através do regresso ao princípio da separação entre bancos comerciais e bancos de investimento, vedando aos primeiros a prática de aplicações especulativas e aos segundo o acesso aos depósitos dos cidadãos.

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