segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

TRISTE SÍRIA

A semana fechou com novidades na “frente síria” e depois da suspensão das negociações anunciada há uma semana pelo representante da ONU eis que surgiu o anúncio que «EUA e Rússia criam plano para o cessar fogo na Síria».

Como é óbvio não se tratará duma solução definitiva, não só porque foi desde logo referido que o «Cessar-fogo “ambicioso” negociado por Rússia e EUA começa dentro de uma semana» como se disse que «Já há acordo para cessar fogo na Síria, mas Russia mantém ataques» contra os grupos rebeldes, Daesh incluído. A situação regional é de tal forma instável que de pronto se avolumou a ideia que «Turquia e Arábia Saudita admitem enviar tropas para a Síria» e para agravar a situação a «Turquia começa a bombardear curdos na Síria».


Com o apoio de Putin a Bashar al-Assad a «Rússia mudou equilíbrio de forças na Síria e dita agora as suas condições» tornando claro que «Cessar fogo é vitória para Assad. Poucos acreditam na paz» e as reacções de Ancara e Riad (donde os «Sauditas dizem que a Rússia não vai conseguir salvar o regime sírio») são um claro sinal dos fantasmas (ascensão de xiitas e curdos no cenário regional) que assustam árabes e turcos, que irão muito além da influência russa na região. Mais discreto, mas nem por isso menos activo, o regime iraniano também vai somando alguns pontos na luta que trava contra as petromonarquias do Golfo, agora particularmente enfraquecidas pela queda do preço do petróleo, sendo já conhecida uma reacção onde o «Irão adverte Arábia Saudita contra envio de tropas para a Síria».

Apesar do inegável progresso que o «Alcançado acordo entre EUA e Rússia para cessar-fogo na Síria» pode trazer, também trouxe o regresso a outros “medos”, bem claros quando «Bashar al-Assad admite risco de invasão da Arábia Saudita ou Turquia», e a antigas realidades, quando o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, admite que as relações entre a Rússia e o Ocidente entraram numa "nova Guerra Fria".

Na verdade a complexa realidade geopolítica no Médio Oriente, situação que se arrasta há várias décadas, apresenta todas as componentes para se poder transformar no epicentro duma crise político-militar de proporções globais, facto que dá maior relevo à afirmação em que a «Rússia adverte para guerra mundial caso avance ofensiva terrestre contra a Síria», quando, paradoxalmente, terá sido o seu apoio ao regime sírio que ajudou a desbloquear o conflito no sentido da abertura de negociações.

Para as martirizadas populações sírias (especialmente num cenário de guerra civil) este é «Um acordo que tem tudo para falhar mas pode salvar vidas»... assim se aproveite o abrandamento no conflito para fazer chegar rapidamente às populações o auxílio de que carecem em extremo.

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