Depois duma ligeira acalmia
voltámos às “grandes notícias” sobre o OGE; assim, a par com a informação que
os «Juros
da dívida portuguesa continuam sob pressão, sobem para 4,4%» e que «Centeno
prometeu ao Eurogrupo preparar já um novo pacote de austeridade», o que conjugado indicia, na opinião dos mais abalizados
comentadores pátrios, que a culpa é do orçamento apresentado pelo governo de
António Costa.
A leitura dos mesmos sinais, a
par com a queda generalizada das bolsas europeias, levou o EL PAIS a atribuir a responsabilidade às
perspectivas duma nova crise bancária, lembrando que «El
valor de la banca cae a mínimos desde la crisis de deuda europea».
Lançando-se um conveniente véu
sobre outras realidades, esquece-se informação sobre outros mercados e outras
realidades – como lembrar que «Desde
Setembro que o S&P 500 não caía há tantos dias seguidos» – com o óbvio propósito de criar incerteza política e
desestabilizar um OGE que todos sabemos pouco consistente ou até de difícil
execução.
Assim, o que para os nossos
vizinhos ibéricos se afigura a um problema global é liminarmente comentado
entre nós pelo recém nomeado conselheiro de Estado «António
Lobo Xavier: Não creio que Costa vá aguentar-se muito tempo».
Depois de termos eleito para a Presidência da República um
ex-comentador político (que nunca sentiu pejo em conjugar essa actividade com a
de Conselheiro de Estado, tanto mais que agora convidou outro para o seu antigo
lugar de conselheiro), até quando continuaremos a aceitar esta promiscuidade
entre interesses e uma completa ausência de ética? que continuando a formar o
pensamento geral dentro dos estreitos limites nacionais impedem, na realidade,
a organização de linhas de pensamento estruturado que ajudem na resolução de
problemas que têm evidentes origens na situação global.
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