A evolução
negativa das cotações na bolsa chinesa, fizeram regressar às parangonas dos
jornais a questão das bolhas financeiras.
Não que a
situação chinesa seja especialmente diferente doutros crashes a que já assistimos, mas talvez porque a dimensão da sua
economia já assuste muito mais que o que deixa entender no dia-a-dia. Assim se
explica que o BCE tenha reagido cautelosamente, quando o seu vice-presidente
Vítor «Constâncio
afasta enfraquecimento acentuado da economia chinesa», embora se saiba já
que pela terceira sessão contínua a «Bolsa
de Xangai volta a cair e tem pior semana desde 1996» e que após
uma aparente subida Wall Street fechou a sua sexta sessão consecutiva no vermelho.
Claro que existem razões para estes
acontecimentos; a economia chinesa deixou de crescer a taxas anuais de dois
dígitos (nada que não fosse expectável dada a conjuntura mundial e a óbvia
impossibilidade de perpetuar semelhante desempenho) e os americanos
(debatendo-se ainda com uma economia anémica e volátil) tardam em fazer subir
as suas taxas de juro a que se junta o reconhecido facto da maior parte do
crescimento da procura interna chinesa estar assente na especulação
imobiliária.
Mas os cuidados que naturalmente devem rodear
o acompanhamento desta situação que, recorde-se, afecta a segunda economia
mundial e a principal exportadora, dispensavam perfeitamente outro tipo de
notícias como as que afirmam que o «Homem
mais rico da China e dono de 20% do Atlético de Madrid fica sem €3 mil milhões
em 24 horas» ou que as que asseguram que logo nos primeiros dias da crise «Os
10 mais ricos do mundo perderam €15,4 mil milhões num dia», que não
significam mais que fait divers (confundindo capitalização bolsista com liquidez) sem o
mínimo efeito prático salvo o de espalharem o medo e de garantirem a
maximização dos ganhos para os especuladores, mesmo quando se anuncia a
existência de «Empresas
de corretagem da China sob investigação».
A desaceleração da economia chinesa deve
constituir motivo de alguma (relativa) preocupação, mas nada que justifique o
pânico que parece estar a assolar as praças americanas e europeias e que apenas
encontrará justificação na fragilidade das próprias economias.
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