A semana que
termina assistiu à aprovação de mais um resgate à Grécia e ao anúncio da
demissão do governo grego que o aceitou, acontecimentos que o NEGÓCIOS
sintetizou dizendo que o primeiro-ministro «Tsipras recebe cheque, demite-se e pede novas
eleições».
Não sei como
irá ser recordado para a História o ano de 2015, mas para os gregos (e para os
europeus) que o estão a viver vai seguramente ser recordado como um ano
estranho. Primeiro, viu ser eleito em terras helénicas um governo em absoluto
contraponto com as posições políticas e económicas dos restantes governos da UE;
depois viu esse novo governo opor-se à prevalecente tese da inexistência de
alternativa à política da austeridade-expansionista, a ponto de até alguma
imprensa já falar abertamente nas alternativas.
O extremar de
posições levou à realização dum referendo onde os gregos, mesmo sob o garrote
do encerramento do seu sistema financeiro, recusaram a continuação da aplicação
de tais políticas mas viram o seu governo, espartilhado entre a vontade popular
de se manter na Zona Euro e a asfixia financeira imposta de Bruxelas e
Frankfurt, aceitá-las em quase toda a linha.
A demissão de
Tsipras e a convocação de eleições antecipadas é mais um episódio que
confirmando a inevitabilidade da realpolitik
demonstra à saciedade que há muito deixou de vigorar na UE um dos seus
princípios fundadores; ao ideal “todos diferentes, todos iguais” sucedeu-se a
versão “todos iguais ou pouco diferentes”… ou de forma ainda mais prosaica: a
substituição da força da razão pela razão da força!
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