quarta-feira, 10 de junho de 2015

O INDISPENSÁVEL EXERCÍCIO DA POLÍTICA

A par com a última reunião do G7 e quando, depois de conhecido que «Grécia pediu adiamento do pagamento ao FMI», se arrasta o diferendo entre o governo grego e os seus credores, tornando cada vez mais frequentes as referências a uma possível saída da Grécia (Grexit) da Zona Euro, desvalorizada com a notícia que a «Grexit não tira sono a Merkel mas assombra reunião do G7» ou contestada por declarações como a que, lembrando outros diferendos no seio da UE, sugere que «“Esqueçam o ‘Grexit’ e preparem antes o ‘Brexit’ e o ‘Frexit'”», ocorreram eleições legislativas na Turquia.

Como quase nada é o que parece, nem a UE estará a encarar a saída da Grécia de ânimo leve (embora tudo pareça ser feito nesse sentido) nem os parceiros do G7 estarão tão seguros do sucesso da aplicação de mais sanções à Rússia, tanto mais que Putin tem logrado algumas vitórias no campo económico (de que é exemplo o acordo firmado no final do ano passado com a Turquia, para a construção dum novo gasoduto submarino que substituirá o planeado gasoduto South Stream, bloqueado pela Bulgária, e assegurará o maior parte das necessidades turcas) e no político (manutenção do regime sírio de Al-Assad e aproximação simultânea à Turquia e ao Irão).

Claro que a incerteza sempre foi condicionante dominante em quase todos os processos políticos, por mais que certos actores a procurem reduzir ao mínimo. Que o diga o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que assistiu neste fim-de-semana ao impensável, quando viu o eleitorado turco rejeitar o seu sonho presidencialista, e o seu AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) «Partido de Erdogan perdeu maioria absoluta após 13anos» do mais completo domínio que deu para alimentar as aspirações de putinização do regime de Ancara.


A Erdogan (e ao seu parceiro, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu) resta agora escolher entre a recusa na formação de alianças, apostando na agudização da situação política com vista à repetição das eleições, ou a aceitação do seu resultado e a formação dum governo de coligação que inviabilizará a revisão constitucional dos poderes presidenciais.

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