Vamos muito em
breve voltar a repetir um processo de reajustamento horário. Na próxima madrugada
por essa UE fora vão voltar a adiantar-se os relógios (no Outono cumpre-se o
ritual inverso, atrasando os relógios para a hora solar) sem que na realidade a
maior parte das pessoas tenha a mínima ideia da justificação para esta distinção
entre hora solar (a que corresponde ao chamado horário de Inverno) e hora legal
(a do horário de Verão).
Bastará uma
rápida vista de olhos para os países e regiões que usam e não usam este sistema
para perceber a dificuldade na sua explicação.
A maioria dos
países não usam esta prática de mudança da hora; quase todos os equatoriais (a
excepção é o Brasil) nunca a usaram, pelas óbvias razões de pouco sentirem a
variação da duração do dia ao longo do ano. Quase só o continente
norte-americano e a Europa é que mantém esta prática de duvidosa utilidade.
Historicamente
atribui-se a ideia a Benjamin Franklin que propôs a deslocação do “relógio”
para fazer coincidir o dia solar com os horários de laboração a fim de se
obterem ganhos com os custos da iluminação; a ideia apenas conheceria a
primeira aplicação prática na Alemanha,em 1916, precisamente no pico da I
Guerra Mundial e com a justificação da poupança de carvão.
Na Europa, a
medida, ganhou especiais adeptos depois da crise petrolífera de 1973 (sempre
com o famoso pressuposto da poupança de energia) e tem-se mantido sem que se
tenha registado grande debate, nem se lhe reconheça verdadeira necessidade.
Salvo o muito
agradável facto de parecer prolongar o dia (o simples facto do pôr-do–Sol
ocorrer mais tarde transmite uma natural sensação de maior tempo de fruição
depois do trabalho), nada mais parece justificar o que cada vez mais se
assemelha a algo que se faz por simples inércia ou aparente desinteresse.
Muda-se a hora
“porque sim”, chama-se-lhe “legal” por ser legalmente imposta, do mesmo modo
que se repetem regularmente tantas outras tarefas cujo sentido há muito se
perdeu, ou pior, talvez nunca se tenha conhecido.
Até a
recorrente explicação de que a mudança de horário serve para facilitar a vida
dos jovens em idade escolar, perdeu todo o sentido desde que as escolas passaram a funcionar em horário desdobrado (uns alunos de manhã e outros de
tarde), pois os do turno da manhã saem de casa antes do nascer do Sol e os do
turno da tarde regressam com ele já posto.
Este é talvez
um exemplo de que muito continua por acertar e que se tal ocorre é apenas por
persistirem os que entendem que “não há nada a fazer”...
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