As notícias
que nos últimos dias têm chegado do conflito sírio, nomeadamente as que
reportam problemas na fronteira sírio-turca onde na sequência do bombardeamento
duma vila turca fronteiriça informam que a «Turquia
ameaça com “resposta ainda mais forte” a Síria», dão claros sinais senão duma
forte possibilidade de intensificação dos confrontos pelos menos duma clara
deterioração das relações entre os dois estados, tanto mais que nos últimos
dias Ancara procedeu ao desvio dum avião comercial sírio por alegadamente
transportar equipamento militar proveniente da Rússia.
O envolvimento de Moscovo na polémica
(que o ministro turco dos negócios estrangeiros, Ahmet Davutoglu, procurou
desvalorizar de imediato, mas Moscovo não parece disposta a esquecer), pode
inserir-se numa dupla estratégia relativamente à Rússia, “castigando” o
apoio diplomático e militar russo a
Bashar Al-Assad e de marcando a posição turca no seio da NATO, enquanto faz
subir de tom o ambiente com a vizinha Síria.
Depois de num
período anterior se terem registado «Confrontos
entre sunitas e alauítas no Líbano por causa da Síria» e após um incidente
que envolveu o abate dum caça turco (ver a propósito o “post” «O
CARROSSEL SÍRIO»), parece agora ter deslocado a sua atenção mais para
Norte, zona que além de constituir parte do perpetuamente reivindicado
território do Curdistão é igualmente ponto importante da rede de gasodutos e
oleodutos da região.
Embora a
imprensa ocidental continue altamente empenhada em relatar o morticínio em que
se transformou a luta interna pelo poder na Síria, questões como as motivações
oriundas do poderoso sector energético ou as que envolvem o claro interesse
judaico na desestabilização dum regime pró-iraniano (ver a propósito o “post” «O
SOFRIMENTO SÍRIO» merecem pouco ou nenhum destaque e até a quem leu a
recente notícia do DN assegurando que «Líder
do Conselho Nacional vai pela 1ª vez à Síria» poderá ter passado quase
despercebido a clara semelhança com o sucedido durante as invasões do Afeganistão
e do Iraque “pilotadas” por nacionais afegãos e iraquianos radicados no
Ocidente.
Para aumentar
a intranquilidade na região, junte-se a tudo isto o óbvio interesse turco de
hegemonia regional, o ensejo de aproveitar um pequeno confronto para medir forças
com o rival Irão e, quiçá, reforçar a abalada proximidade com Israel na
sequência do episódio do navio assaltado pelo Tsahal, mas que a construção do oleoduto
que ligará o de Baku-Tbilisi-Ceyhan
ao de Ashkelon-Eilat (ver a propósito o “post”
«DUBITANDO
AD VERITATEM PERVENIMUS» importa preservar.
[1]
Alusão ao filme homónimo, realizado por Stephen Gaghan e protagonizado por
George Clooney, cujo enredo relaciona directamente a intrincada situação política
do Médio Oriente com os interesses do sector dos combustíveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário