quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TSU (TODOS SABIAMENTE UNIDOS)


O sucesso da iniciativa “QUE SE LIXE A TROIKA! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS!” só poderá ter espantado os mais distraídos ou os mais incautos e reduzi-lo à contestação à redução da TSU (Taxa Social Única), suavizá-lo, como ensaia Vítor Gaspar quando afirma que «Manifestação “não foi de ruptura foi de força de carácter”», ou tentar esvaziá-lo, como o fez Pires de Lima ao afirmar que «Não é verdade que a maioria dos portugueses esteja contra a austeridade», são tentativas que além de canhestras revelam a verdadeira dimensão de autores e apoiantes das políticas finalmente contestadas na rua.


É óbvio que a principal preocupação da elite dirigente se centra agora na formulação da melhor via para ultrapassar as dificuldades que um governo inepto criou e que foram alimentadas e ampliadas por um Presidente da República temeroso e intelectualmente mumificado; a prova está na demorada convocação do Conselho de Estado e no tempo que aos conselheiros tem sido proporcionado para trocarem “mensagens” e “recados” através da comunicação social.

Nada de especial se atentarmos no que PSD, CDS e PS têm feito. À imagem e semelhança do anedótico governo de Santana Lopes, também agora Paulo Portas procura afanosamente escapar à derrocada sem mácula e com condições para enfrentar a remota opção de eleições antecipadas, enquanto os barões do PSD seguram Passos Coelho fingindo que o empurram (ou vice versa) e o PS proclama que só voltará ao governo com novas eleições.

No seu conjunto todos parecem interessados em desvalorizar a reacção popular, pois a forma frontal e categórica como se gritou nas ruas do país contra as políticas de austeridade (elo comum aos três principais partidos) limita profundamente a sua capacidade de manobra. O resultado da reunião magna (que segundo Daniel Oliveira deverá passar por um de «Os cinco cenários» ou por apenas três, como sugere Viriato Soromenho-Marques em «Cenários e sombras»), onde a grande disputa se deverá centrar entre a remodelação ou a formação dum novo governo nunca terá em conta o desejo de termos a vida de volta; o que dela resultar – seja uma simples e rapidamente ineficaz remodelação governamental ou um novo governo liderado por um tecnocrata (atenção a António Borges, ex-Goldman Sachs como o italiano Monti…) – será um claro sinal da habitual manipulação da vontade popular ignorando a mais importante conclusão das manifestações: o descrédito duma solução apresentada como inevitável e dos políticos incapazes de admitirem a existência de alternativas.

Como se não bastasse a disparidade de indicadores proporcionados pelas reuniões do conselho nacional do CDS e da comissão política do PSD (reunida para analisar as conclusões do conclave centrista), com a primeira a dar inquietantes sinais de incómodo na coligação e a segunda a apelar à reconciliação dos compartes, ou, no dizer de Vasco Graça Moura, a «Um entendimento elementar», e as já referidas opiniões públicas dalguns conselheiros (das quais destaco aquela em que Mário «Soares sugere nomeação de novo governo sem eleições»), há ainda que adicionar as habituais tergiversações de Cavaco Silva para ficarmos com a convicção que tudo será tentado para que nada mude…

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