Absorvidos que
temos estado com as manobras do governo de Passos Coelho e a importância da clara
resposta popular a uma política não orientada para a resolução dos problemas do
endividamento e do défice, corremos o risco de deixar passar alguns
acontecimentos no cenário europeu que, esses sim poderão representar um primeiro
passo no sentido duma solução.
Enquanto em
Lisboa, reunia sob a égide de Cavaco Silva um Conselho de Estado que o mesmo
tornara redundante face às declarações proferidas nessa mesma manhã e que mais
não fez que confirmar o enterro anunciado da amplamente contestada proposta de
revisão da TSU...
...em Itália,
«Monti
recebe em Roma os primeiros-ministros da Grécia, Irlanda e Espanha», ou
seja, os países mais afectados pela chamada crise da dívida da Zona Euro.
Mesmo
ignorando-se se Passos Coelho foi ou não convidado a marcar presença – a
imprensa não se fez eco da situação – a avaliar pela ausência concreta de
qualquer vislumbre de política europeia no programa e na estratégia do actual
governo, o mais certo é que Passos Coelho tenha preferido não marcar presença
numa reunião que de algum modo poderia beliscar as posições da Alemanha e que
afinal se saldou por pouco mais que a reafirmação de que «Samaras,
Monti e Rajoy pedem “mais solidariedade na Zona Euro”» e de que «Monti
defende maior partilha de soberania».
Posições que,
há semelhança do ocorrido dias antes com o discurso onde «Durão
Barroso defende “um novo rumo” para uma “federação de Estados-nação”» e com
a anunciada iniciativa do BCE,que através do seu presidente «Mário
Draghi lança novo programa de compra de dívida», permitem vislumbrar sinais
duma tentativa de construção duma resposta política a uma questão que apenas
marginalmente é de natureza económica.
O triste, é
que ainda e sempre graças a um governo inepto, continuamos afastados dos
centros onde, bem ou mal, se começam a desenhar as estratégias de recuperação
europeia; no exterior a voz do país apenas se houve para mendigar compradores
para as empresas públicas que ainda nos restam, pelo que uma vez mais ficaremos
afastados de contribuir para a construção duma solução que obviamente servirá
em primeiro lugar aos seus arquitectos.
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