Diz o aforismo
popular que de poetas e loucos todos temos um pouco, juízo que há muito se
aplica cabalmente ao inefável (e imutável) presidente do Governo Regional da
Madeira. Se é certo que não se lhe conhece veia poética, não é menos verdade
que tem sido prolífero em tiradas e outras boutades – quem não se lembra da
forma rasca como do Funchal vituperou o “Sr. Silva” para depois o acompanhar, bajuladoramente,
numa campanha presidencial, ou das habituais provocações e insultos com que
mimoseia os que se não vergam aos seus ditames – com que deixará assinalada a
sua governação; Alberto João e o agora amigo do peito “Sr.Silva” são dois
lídimos representantes dos eucaliptos que tudo secam à sua volta.
No culminar de
décadas dum modelo de governação assente na realização de grandes obras
públicas financiadas a expensas de sucessivos défices (regulamente perdoados
pelos correligionários, ou não, que têm governado o país), com a região agora
mergulhada no maior défice de que há memória – seis mil milhões nas contas do
Governo ou oito mil milhões na opinião da oposição – será razão de acrescido
espanto voltar a ouvir insistentes referências ao renascimento do separatismo
que marcou o período que se seguiu ao 25 de Abril?
É que ouvir dizer
que «Jardim
desafia Estado português a realizar referendo na Madeira sobre a autonomia»
soa a um desgastado “déjà vu” e não
passa de mais uma bravata dalguém que sentindo-se na beira do precipício ameaça
saltar levando consigo quem o tenta salvar. Mas o populismo dos albertos joões
jardins da vida caracteriza-se precisamente pela inconstância, o manobrismo e a
permanente chantagem que exercem sobre quem os rodeia. Correligionários e
opositores são manobrados no sentido da exclusiva satisfação dos interesses
conjunturais, onde o bem-estar dos governados é a menor e a última das suas
preocupações
Embora o risco
do repto vir a ser aceite seja nula, sempre gostaria de ver a reacção no caso
dum referendo nacional (o único que faz verdadeiro sentido, pois a questão pode
bem ser colocada de forma comutativa) favorável à autonomia; que o resultado
poderia bem ser esse é atestado pela forma cuidadosa e clara como se refere que
«Jardim
desafia Estado a permitir referendo regional sobre autonomia»,
pois não me parece em condições, nem em estado de declarada loucura, para
arriscar um referendo onde a maioria dos portugueses (ilhéus e continentais) se
pudesse pronunciar por uma separação que o privaria dos meios de financiamento
que lhe têm assegurado a clientela política e a perpetuação no poder.
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