quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CONTESTAÇÃO E REPRESSÃO


Talvez nem todos se tenham dado conta, quando em meados deste mês alguns jornais nacionais e estrangeiros divulgaram que o Tribunal Constitucional Alemão tinha decidido favoravelmente que fosse o «Exército alemão autorizado a intervir internamente», que estavam a ser informados que a expectativa dos dirigentes políticos aponta para uma degradação da situação interna (naquele país e, por acréscimo e analogia, no resto da UE).

Ainda frescas na memória estão as consequências imediatas duma greve numa mina africana, despoletada por melhores salários e melhores condições de trabalho, que se saldou por manchetes como: «34 mineiros em greve abatidos pela polícia sul-africana», ou os confrontos que ocorreram em Madrid no final da Marcha Negra, iniciada pelos mineiros asturianos e que acabou por canalizar o vasto sentimento de desagrado duma população que sofre os efeitos duma taxa de desemprego próxima dos 25%[1].



É claro que a analogia entre mineiros espanhóis e sul-africanos é circunstancial, mas o facto de a pouco e pouco ir chegando ao conhecimento geral que a generalidade dos Estados estão a reforçar os seus aparelhos de vigilância e defesa e desta prática nem sequer ser recente (recorde-se o que escrevi em 2008 no “post” «LOUCAS… MAS ACEITÁVEIS!» sobre o reforço do corpo da Guarda Nacional norte-americana, para não falar já nas leis aprovadas a pretexto do combate ao terrorismo), não deve configurar motivo de alívio.

Os tempos que se avizinham dirão da pertinência e da justiça da observação, mas o facto é que a conjugação da degradação das condições de vida de camadas cada vez maiores das populações com o claro reforço dos mecanismos de repressão popular não deixa antever senão um aumento do risco de mais e maiores confrontos.


[1] Como se pôde ler nesta notícia do PUBLICO.

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