Confirmando o
que há cerca de duas semanas escrevi no “post”
«FIM
DE VERÃO QUENTE» – que se conjugava nova tempestade sobre a Europa para
Setembro ou Outubro –, eis que as primeiras reacções às notícias de que Antonis
Samaras, o primeiro-ministro da «Grécia
quer mais tempo para reformas estruturais» continuam sem prefigurar a
concertação duma estratégia europeia na abordagem da proposta e assim
aumentando as probabilidades de novos ataques especulativos.
Como se não
bastasse a informação que diariamente vai dando conta da degradação da situação
económica e financeira na UE, ou a publicação de bombásticos relatórios elaborados
pelos reputados técnicos dos bancos “demasiado grandes para falirem” – como um
do Citigroup assegurando que a «Probabilidade
da Grécia sair da Zona Euro em Setembro está a aumentar» – que mais não
fazem que constatar a realidade, eis que enquanto no início dum périplo pelas
capitais dos principais credores o «PM
grego pede mais tempo para adoptar reformas», a persistente intransigência
do ministro alemão das finanças insistindo na ideia que a «Alemanha
não vai dar mais tempo à Grécia» poderá explicar porque é que, quiçá em
desespero de causa, o mesmo «Samaras
acusa políticos europeus de criarem sentimento de insegurança nos investidores».
Enquanto as
principais instâncias políticas europeias persistem na produção de declarações
politicamente correctas mas completamente inócuas e desfasadas da realidade
europeia, como aquela onde se pode ler que, Jean-Claude Juncker, o
primeiro-ministro luxemburguês e «Presidente
do Eurogrupo diz que extensão do plano grego depende da troika», enquanto
os governantes das principais economias da Zona Euro «Hollande
e Merkel pressionam Grécia a cumprir reformas» ou produzem afirmações como
a de que «“Cabe
aos gregos fazerem esforços responsáveis para se manterem na Zona Euro”»,
tudo indica que as elites políticas continuam sem revelar capacidade para
enfrentar o problema e deixam deteriorar a situação política e económica; com o
dia-a-dia dos cidadãos europeus a degradar-se a olhos vistos e sem vislumbre de
melhoria, faz cada vez mais sentido a afirmação produzida pelo
ex-economista-chefe do FMI, o americano Kenneth Rogoff, de que a «Europa
tem de decidir se quer romper com o euro» e em caso negativo, acrescento
eu, assumir a opção cada vez mais premente de alterar o modelo de financiamento
dos Estados, permitindo que este se faça directamente através do BCE.
A
desorientação atinge proporções preocupantes, pois não são apenas os
responsáveis pela condução política que parecem catatónicos; eleitos ou não
(como é o caso dos membros da nomenclatura europeia), com maiores ou menores
limitações e capacidades oratórias diversas, alternam entre uma quase apatia
(como parece ser actualmente os casos de Durão Barroso e Van Rompuy) e uma
inesgotável loquacidade (como é o caso do já citado Juncker que depois de ter
afirmado no início do mês que «Saída
da Grécia do euro “seria gerível”», afirma agora um categórico «“Calem-se!”,
… aos que pedem a saída da Grécia do euro»). O clima de desorientação,
agravado pelas recentes declarações do mesmo Juncker e de Merkel de que «Decisões
sobre a Grécia só em Outubro», alimenta a tendência especulativa e permite até
que um organismo como uma agência de notação de risco, a Standard & Poor’s,
(quase seguramente conhecedora por antecipação que «Espanha
estará a negociar resgate total e não só à banca») produza a afirmação de que
«Se
Espanha pedir resgate completo, rating não baixa», sem que daqueles mesmos
poderes públicos se erga qualquer reparo ou crítica pelo facto desta “opinião”
extravasar as funções da agência e constituir uma descarada forma de influência
sobre os decisores políticos, mesmo sobre os que comprovadamente se colocam ao
serviço dos interesses financeiros internacionais.
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