terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A ALIANÇA IBÉRICA


Ano novo, vida nova!, proclama o aforismo popular que sempre me custou a entender e ainda mais agora, depois de ler no NEGÓCIOS, que o novo governo de «Espanha reforça austeridade e abre portas à recessão».

Numa clara “colagem” à estratégia seguida em Portugal pelo governo da mesma área ideológica, pese embora a ausência nefasta de qualquer acordo com o FMI, também o governo de Mariano Rajoy anunciou a descoberta dum desvio orçamental e prontamente proclamou a necessidade de novas medidas de austeridade e de aumentos de impostos.


Quer os partidos que integram o governo português, o PSD e o CDS, quer o que dirige o espanhol, o PP (Partido Popular), são membros da mesma família política europeia, o PPE (Partido Popular Europeu), e não terminam por aqui as semelhanças, pois ambos venceram eleições no ano que terminou com base em programas e promessas eleitorais onde constava, como grande factor diferenciador face aos adversários socialistas, o compromisso de não aumentarem impostos e, logo que alcançado o poder, ambos rapidamente esqueceram os compromissos, factos que apenas podem levar os observadores a concluir que afinal, a estratégia comum nunca contemplou a hipótese de não agravarem a carga fiscal e que ambos partiram para um processo eleitoral com uma agenda política diversa – diametralmente oposta – da anunciada. A verdade desta afirmação pode ser confirmada agora que foi conhecido um recente estudo da Comissão Europeia sobre as políticas seguidas entre 2009 e 2011 e que ao concluir que «Portugal é o único país onde a austeridade exigiu mais aos mais pobres» desmascara a verdadeira intenção da recente invenção que constitui a “austeridade expansionista”, que mais não é que a de aumentar os proveitos dos mais ricos em detrimento dos mais pobres.

Como se não bastasse a gravidade da situação na Grécia, o primeiro dos países da Zona Euro a solicitar a intervenção do FMI e do BCE, e da Itália, outros dos países da Zona mais ameaçado pela crise das dívidas soberanas, já disporem de governos não-eleitos, eis que na península Ibérica vigoram dois governos que além de se fazerem eleger com base em promessas que nunca terão pensado cumprir ainda pugnam pela aplicação prática duma teoria cuja aplicação na Grécia tem apresentado os piores resultados a ponto de já ser público que o «Governo grego pede aos credores que perdoem 75% da dívida».

O insucesso da estratégia da nova “aliança ibérica” é algo tão certo quanto o confirma o resultado na Grécia, patente nas notícias regulares sobre dupla degradação das condições de vida dos seus cidadãos e da sua capacidade para saldar uma dívida crescente, e cada vez mais inegável até perante as afirmações da Comissão Europeia.

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