Simpatize-se, ou não, com as causas que abraçou e os métodos que usou ninguém pode hoje negar que volvidos quarenta anos sobre o seu assassinato (de que outra forma se pode designar a morte sem julgamento ou condenação de um prisioneiro) Che Guevara entrou para o imaginário colectivo a um título muito superior ao que se poderia esperar.
Assim é hoje inegável o seu papel na história mundial e na da América Latina em particular. Pleno de energia e incapaz de se acomodar a qualquer situação, percorreu das mais variadas formas o continente que o viu nascer e por ele deu tudo o que tinha.
Aplicou até à última hora os princípios que enunciou: «Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar» e «[p]or mais rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera».
Que melhor forma, para celebrar um poeta dos ideais que um poema do seu compatriota Júlio Cortázar:
Che
Eu tive um irmão
não nos vimos nunca
mas não importava.
Eu tive um irmão
que andava na selva
enquanto eu dormia.
Amei-o ao meu modo,
tomei-lhe a voz
livre como a água,
caminhei às vezes
perto da sua sombra
meu irmão desperto
enquanto eu dormia.
Meu irmão mostrando-me
por detrás da noite
a sua estrela eleita.
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