sábado, 1 de abril de 2006

OS RATOS JÁ ABANDONAM O NAVIO?

É o que sugere uma notícia do LE MONDE que refere o clima de acerto de contas entre a elite neoconservadora que rodeia o presidente George W Bush.

Além do crescente volume de intrigas e denúncias, surgiu recentemente um livro de Francis Fukuyama, intitulado “America at the Crossroads” que veio colocar em causa a essência do pensamento neoconservador. Esta situação é tanto mais estranha quanto o autor do livro, “compagnon de route” de há muitos anos de Paul Wolfowitz, foi um dos subscritores de um documento que em 1998 instava o então presidente Bill Clinton a derrubar urgentemente o regime de Saddam Hussein e um dos defensores, em 2001, de que a invasão do Iraque deveria ocorrer mesmo que não se provassem as alegadas ligações entre Saddam e a Al-Qaeda.

Perante este cenário e o engrossar das hostes dos “arrependidos” ainda corremos o risco de vir a ler ou a ouvir Paul Wolfowitz afirmar que nada teve a ver com a ruinosa estratégia da família Bush. Recorde-se que Wolfowitz, tal como agora já fora conselheiro nos tempos da presidência de Bush pai e é, de há muito, conhecido como um dos principais teóricos do principio da utilização do conflito bélico como extensão da democracia de mercado, um dos grandes criadores das “ameaças fantasmas” e teórico das intervenções preventivas e da intimidação dos “competidores emergentes”.

Nesta mesma linha de actuação poderão ser entendidas algumas das mais recentes declarações de Zalmay Khalilzad, o embaixador norte-americano no Iraque, que também já tem levantado algumas dúvidas sobre o desenrolar e os desenvolvimentos da ocupação daquele país.

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