sábado, 15 de abril de 2006

PORQUE NÃO RESULTAM AS CRÍTICAS A RUMSFELD?

Nestes últimos dias voltaram a avolumar-se nos EUA as críticas à Guerra do Iraque e ao principal responsável pela sua condução, o Secretário da Defesa Donald Rumsfeld.

Pela segunda há quem insista na necessidade da demissão de quem conduziu os EUA a uma posição cada vez mais inconfortável. Como se não bastasse a total ausência de provas para o lançamento da ofensiva (dado mais que comprovado e que altos responsáveis americanos já admitiram) e o escândalo resultante do tratamento infligido aos prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib (seguramente idêntico ao que sofrem os detidos em Guantanamo, mas que a administração americana persiste contra tudo e contra todos a considerar que não são prisioneiros de guerra), eis que vão agora surgindo antigos comandantes americanos a exigir o afastamento de Rumsfeld da condução da secretaria de estado.

Como é seu hábito, contra ventos e marés o Presidente Bush persiste na defesa do seu homem forte (um dos grandes responsáveis pela sua “eleição” em 2001 e ex-secretário da defesa nos tempos de Gerald Ford), dizendo mesmo que este está a fazer um óptimo trabalho num período particularmente difícil para os EUA.

Ora a opinião de um grupo de generais, agora na reserva, é precisamente a oposta. Apontam a Rumsfeld, a quem acusam de arrogância, prepotência e de incompetência aos níveis estratégico, operacional e táctico, a principal responsabilidade pela situação no Iraque.

Numa palavra os antigos responsáveis pelo planeamento e a condução no terreno da invasão do Iraque, vêm agora revelar o que há algum tempo se tornara evidente para muita gente – os EUA possuem capacidade militar para ocupar territórios, mas continuam a revelar extremas dificuldades para os gerir no período após a ocupação.

A reacção da Casa Branca é perfeitamente normal se lembrarmos que Donald Rumsfeld tem construído toda a sua vida (política e empresarial) mediante a elaboração de uma intricada teia de interesses e “trocas de favores”. Quem já esqueceu o seu papel na aprovação pela FDA (Food and Drugs Administration, organismo oficial pela aprovação de medicamentos para consumo nos EUA) da comercialização do aspartame enquanto substituto do açúcar produzido por uma empresa farmacêutica, a Searl, quando a passou a dirigir? E dos ganhos (fala-se em 5 milhões de dólares) da venda daquela empresa à Monsanto, operação intermediada por um banco para o qual passa a assegurar as funções de conselheiro? E o papel que desempenhou (ainda e sempre graças à sua rede de conhecimentos e influências na administração americana) mais tarde num negócio envolvendo a definição do padrão futuro das emissões de tv, graças ao qual os patrões da empresa que dirigia quintuplicaram o seu investimento com a posterior venda, negócio no qual se estima que Rumsfeld tenha embolsado uns módicos 7 milhões de dólares?

Além destes factos são ainda apontadas ligações altamente lucrativas entre Donald Rumsfeld e outros produtos da indústria farmacêutica: um antiviral (cidofovir) particularmente propenso a originar cancros e insuficiências renais, que a FDA também autorizou, e o agora tão falado tamiflu para o tratamento do vírus H5N1 (gripe das aves).

Paralelamente com esta rede, empresarialmente muito lucrativa, Donald Rumsfeld, mantém laços estreitos com outras importantes figuras do grupo dos neoconservadores que tem suportado a administração de George W Bush, entre os quais se contam Paul Wolfowitz (teórico neoconservdor que já aqui foi comentado), Dick Cheney (vice-presidente e com ligações à indústria petrolífera, atarvés da Halliburton, e de segurança, através da KBR) e Frank Carlucci (com ligações ao Carlisle Group que detém interesses na construção civil e é gestor das carteiras de investimento das famílias Bush e Bin Laden).

Sem comentários: