quinta-feira, 24 de novembro de 2005

PINOCHET E AL CAPONE


A avaliar pelas notícias parece que o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, responsável pelo golpe militar que assassinou um presidente democraticamente eleito – Salvador Allende – e estabeleceu no país um regime militar responsável pela tortura e morte de milhares de opositores, vai finalmente ser acusado e provavelmente condenado por crimes de evasão fiscal.

Para muitos esta poderá ter sido a via para contornar definitivamente a inimputabilidade decretada há quatro anos pelo Supremo Tribunal, resta esperar para ver se tudo não passa de mais uma encenação para privar o povo chileno do julgamento que merece.

A acontecer este cenário, bastante provável quando se sabe da importância preponderante que teve a administrações americanas de Richard Nixon no derrube do governo de Allende.

A par com o ridículo que recairá sobre o sistema judicial chileno (incapaz de levar o ex-ditador a julgamento pelos crimes cometidos contra o seu povo) surge a inevitável comparação com a justiça americana que também se revelou incapaz de condenar Al Capone, um reconhecido “gangster” da Chicago no período da “Lei seca”.

Então como agora (naqueles lugares como em muitos outros, seja por incapacidade na obtenção de provas, por pressão dos poderes estabelecidos ou mera cobardia moral), a justiça que recorre a expedientes para levar a julgamento criminosos de diversas índoles e naturezas, obtendo condenações por crimes de muito menor gravidade parece sancionar uma prática de branqueamento dos crimes.

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