O mês em curso
registou dois importantes areópagos: mais uma cimeira do G7 e o encontro entre
Donald Trump e Kim Jong-Un.
De ambos
sobraram tonitruantes declarações trumpianas mas pouco ou nada de
verdadeiramente concreto e importante. Da reunião do G7 (grupo que supostamente
reúne as sete maiores economias mundiais, já incluiu a Rússia, afastada a
pretexto da questão ucraniana e da anexação da Crimeia, mas exclui a China que
disputa o primeiro lugar com os EUA) quase só ficou a polémica em torno da
declaração final e do comentário insultuoso de Trump.
Já
da muito aguardada, cancelada e reagendada reunião com o líder norte-coreano, depois
da troca de elogios (que se seguiu à troca de insultos dos últimos tempos) terá
resultado um acordo muito vago e semelhante a outros que no passado acabaram
por falhar, mas nada que tenha impedido Trump de anunciar uma grande vitória, nem de voltar a gabar as suas conhecidíssimas capacidades negociais.
Para
além do exacerbado ego de Trump, o verdadeiro ganhador foi, na realidade, a
China que assim acalma a tensão na sua fronteira do sul, deixa o Japão e os EUA
militarmente mais vulneráveis enquanto cimenta a sua estratégia para o
disputado mar do Sul da China (rico em hidrocarbonetos e por onde passa um
terço do comércio marítimo mundial), que deixou “brilhar” o seu truculento
vizinho, que vai
agora à China explicar as negociações com Trump, e ofereceu uma pouco
dispendiosa acção de propaganda interna ao errático presidente norte-americano.
A troco de
muitas promessas e de uma mão-cheia de nada, Trump conseguiu a propaganda que
necessitava para fins internos, quando o balanço da sua política doméstica se
revela cada vez menos positivo, a sua estratégia de guerra comercial parece
cada vez menos defensável e quando se aproximam eleições intercalares de cujo
resultado depende completamente para a continuação da sua famigerada política isolacionista
do «America first».
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