Na sua mais
recente crónica semanal no DN, o Prof. César
das Neves deixa-nos o seu ponto de vista sobre aquilo que apelida de «Metade
da verdade» a respeito dos resultados do actual governo.
Claro que a
maior parte das afirmações são correctas e verdadeiras, correpondem à realidade
a que assistimos diariamente e até alguns dos avisos deixados não são para
serem encarados de forma leviana. O problema é que a sua visão dos equilíbrios
macro-económicos dos apoiantes das políticas neoliberais (como as dos apoiantes
da actual política) apresenta evidentes contornos de puro artificialismo, ou
não fossem eles produto de mera manipulação contabilística.
O que o Prof
César das Neves esconde é que se os actuais responsáveis políticos se limitam a
revelar meias verdades, os seus antecessores sustentaram as suas práticas em
duvidosos estudos – recorde-se o famigerado ensaio (a «Growth in a Time of Debt»,
publicado peloNational Bureau of Economic
Research) dos celebrados Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart que, afirmando a
existência duma forte correlação entre elevadas dívidas públicas e reduzido
crescimento económico, serviu para sustentar as austeritárias teses neoliberais
mas se veio a revelar objecto duma manipulação primária (ver o post «ACONTECE...»)
pelos seus autores – e na comprovadamente abjecta mentira de pretenderem
atingir o saneamento e o equilíbrio financeiro, quando o que na realidade
sempre pretenderam foi o agravamento do processo de desequilíbrio na
distribuição da riqueza, iniciado há várias décadas.
Talvez por
isso, os cidadãos hoje apoiem as meias verdades em detrimento das claras
mentiras!
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